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Como acabar com o capitalismo…

Posted on 22/01/2014. Filed under: Finanças |

Calma meus amigos… o título é só uma provocação…

O assunto é esse, mas o foco é outro.

A inesperada (e bem-vinda) inserção do discurso liberal nos grandes meios de comunicação e nas redes sociais, em contraponto ao hegemônico discurso socialista/dirigista, esquentou o debate sobre qual seria o melhor regime político/econômico para o Brasil, se o socialismo-dirigista ou o capitalismo-liberal.

Esse post é uma tentativa de contribuição para essa nova era do debate político e econômico no Brasil.

Ainda incipiente, é verdade, e com ampla vantagem numérica dos dirigistas. Vamos reduzir essa vantagem?

Para entender o capitalismo: os precedentes

Afirmo que o capitalismo surgirá de forma natural em qualquer sociedade humana razoavelmente grande e complexa, em que se verifique: liberdade, respeito à propriedade privada e escassez.

Liberdade aqui entendida de forma simples, ou seja, poder decidir seu próprio caminho sem influência coercitiva de terceiros.

Os marxistas entendem que não há liberdade no capitalismo, pois você não poderá ter tudo o que quer, é escravo da mercadoria etc.. Esse conceito de liberdade não está em debate aqui.

É por demais óbvio que todas as suas ações, mesmo as que não envolvem dinheiro diretamente, tem restrições ou condições de contorno. Você pode, por exemplo, se separar de sua mulher/marido, com quem tem 3 filhos. Essa decisão terá, SEMPRE, fatores que a favorecem e que a dificultam, mas, em tese, você é livre para decidir, levando em consideração essas condições de contorno (o que é óbvio).

O respeito à propriedade privada, também entendido de forma simples. O que você conquista sem infração legal (por trabalho, compra, herança etc.) é seu e você poderá manter, ao longo dos anos.

E escassez significa a não disponibilidade de todos os bens de interesse, ao preço (condição) que se poderia ter. Em resumo, não poder ter tudo o que se quer ter. Atenção: não estou falando de subsistência, mas de TUDO o que, eventualmente, se deseje.

Os Marxistas discordam…

Para os marxistas o capitalismo é transmitido de geração a geração através da cultura. Não o consideram uma resposta natural das sociedades humanas, às suas próprias necessidades e desejos. Nesse ponto, inclui-se até o conhecimento científico ocidental. Consideram o racionalismo newtoniano-cartesiano como um instrumento de dominação e de disseminação do capitalismo. Esse pensamento é facilmente encontrado na internet.

Há mérito intelectual em Marx, mas a tentativa de tratar o capitalismo como uma estrutura de dominação e não como uma resposta natural a questões estruturais precedentes, carece de evidência empírica.

Alegar que o capitalismo perpetua os privilégios dos ricos é mirar no vilão errado. Não é o capitalismo que faz isso, mas o ser humano. Ele fará isso em qualquer organização humana (manter o status quo para os seus). Basta ver a nomenklatura soviética e a elite do partido comunista chinês.

A divisão desigual de trabalho, a diferenciação explicita e autodeterminada dos homens, a vontade expressa etc., são elementos básicos para a formação de sociedades capitalistas, e estão presentes em organizações humanas muito rudimentares. Não são criações do próprio capitalismo.

Aliás, é evidente até no comportamento de mamíferos mais desenvolvidos. Veja o vídeo abaixo:

http://www.youtube.com/watch?v=vQIeCmHohhs

Os macacos fazem o mesmo trabalho, mas um recebe pepinos e o outro recebe uvas. O que recebe pepinos fica enfurecido!

Enquanto alguns esquerdistas entendem isso como uma evidência do desequilíbrio do capitalismo, eu vejo como uma evidência de que a demanda por um bem que você QUER existe mesmo em sociedades primitivas. E esse QUERER é inaceitável para Marx, é uma imperfeição do ser humano (ver Fetichismo da Mercadoria).

Em tribos não influenciadas pelo homem branco, há divisão de trabalho. Há líderes, há os que têm aptidões físicas e caçam 10 vezes mais, há os que não têm e ficam em outro tipo de trabalho. Há importância hierárquica. Há interesse pessoal, gosto, escolha, rito, cultura etc. Não são formigas que não tem qualquer interesse nem questionamento (será?).

A Nova Política Econômica de Lênin (NEP)

A experiência Leninista na URSS mostra como o sistema capitalista acaba surgindo quando se verificam: liberdade de decisão e associação, respeito à propriedade privada e escassez (essa última, em 1921, era quase “perfeita” na URSS).

Em pouquíssimo tempo, a liberdade para produzir e comercializar, a devolução das terras à iniciativa privada e a extrema carência de bens, acabou criando um sistema dinâmico de produção, de distribuição e de trocas.

O ponto não é discutir se “deu certo” ou não, mas mostrar que, na presença desses elementos, o capitalismo aparecerá naturalmente. Mesmo na URSS, que nunca tinha sido, mesmo antes da revolução, propriamente capitalista.

Como acabar com o capitalismo?

A receita de Marx (ou de seus seguidores) parece completa.

Extermínio à liberdade de associação e decisão.

Não se pode decidir o que produzir, não se pode produzir o que quiser (ou o que precisar), não se pode buscar associação com outros detentores de recursos (capital, trabalho, terra etc.), não se pode (ou não se deve) nem desejar diferente do que o Estado pode produzir.

Extermínio à propriedade privada.

Esse ponto é delicadíssimo, pois não se está falando apenas de bens materiais. A sua opinião, sua ação, sua história, sua produção intelectual etc., também são propriedades privadas e, na experiência marxista, deveriam ser abolidas. Stálin levou isso quase à perfeição e Orwell retratou esse combate à propriedade privada “pessoal ou intelectual” com maestria no livro 1984.

Mas o fato é que, como nada do que se produz será seu e nenhum fruto poderá ser guardado ou acumulado, fica realmente impossível o desenvolvimento do capitalismo. O capital, assim como o trabalho, espera remuneração pelo seu emprego. Não remunerar o capital é semelhante a não remunerar o trabalho, apesar de os Marxistas considerarem isso uma heresia.

Por fim, a escassez.

A escassez acaba gerando uma crescente demanda por bens e serviços, o que é particularmente nocivo para economias dirigistas, que notoriamente e historicamente têm baixíssimo nível de produtividade e diversidade.

A forma de neutralizar os efeitos nocivos da sensação de escassez, carência, penúria, é trabalhar o conceito como oriundo do “pecado original” do capitalismo, que é o “desejo infinito de consumo” (ver Samuelson sobre a escassez). É verdade que não se pode atribuir esse discurso diversionista diretamente a Marx.

A partir da demonização do comportamento capitalista, busca-se reduzir o ímpeto pelo consumo, normalmente reforçado pela escassez extrema. Lavagem cerebral, novilíngua, duplipensar e outros verbetes orwellianos são estratégias para esse fim.

Em resumo, nas sociedades dirigistas nem a escassez extrema levaria ao surgimento do capitalismo, pois o “conceito” de escassez é distorcido e empresta-se um valor absoluto negativo à necessidade ou ao desejo pelo bem escasso. Quer comer 1.400 calorias? Você é um homem imperfeito, escravo de seus desejos!

Acabando com o capitalismo pelo lado da escassez…

Se os 3 elementos estiverem presentes, a organização natural é o capitalismo. Isso não é um julgamento de valor, apenas o reconhecimento de evidências empíricas e uma conclusão básica de lógica formal. É bem trivial mesmo.

Mas isso tudo leva a uma conclusão interessante: o capitalismo, tal qual conhecemos, não deveria existir em uma sociedade onde não há escassez.

Mesmo em sociedades onde a escassez é pouco relevante, pois a maior parte dos bens e serviços estaria acessível e com qualidade satisfatória, fica complicado manter o capitalismo, ao menos o capitalismo liberal puro.

Esse “laboratório” já existe hoje.

Recentemente a Suíça quis votar uma renda mínima de cerca de 6.000 reais. A ideia dos políticos seria garantir um mínimo de renda (mínimo???), dando liberdade ao cidadão para, em tese, adotar qualquer caminho profissional que desejar, sem pressão.

Num país (há alguns poucos) onde o nível dos serviços públicos, ou de serviços de interesse público, é elevado a ponto de serem considerados efetivamente satisfatórios e, na relação custo-benefício, até superiores aos serviços semelhantes pagos, pode-se considerar que a escassez é algo pouco relevante ou percebido.

É claro que são países onde o imposto sobre a renda (mais alta) chega a 68%. Sobre ganho de capital ultrapassa 50%. E não são “baratos” como os EUA (o que é óbvio).

Vale ressaltar que o povo suíço, ao que parece, é contra essa renda mínima.

Faz ele muito bem, pois ninguém pode afirmar categoricamente que as pessoas iriam trabalhar, produzir, caso tivessem “de graça” suas necessidades mais sofisticadas atendidas. E não são poucas, já se atende razoavelmente as necessidades em saúde, segurança, transporte, educação e previdência, se ainda tiver um tico-tico pra comprar um vídeo game… sei não…

O Brasil não é a Suécia

Não é mesmo. Ah, vale enfrentar os patriotas, também não é melhor. No máximo, mais quente.

Aqui o sujeito da classe média tem tributação Sueca. Se ganha R$ 10.000, só leva R$ 7.500 depois do IR. A cada R$ 1,00 que gasta, deixa R$ 0,40 de imposto sobre consumo. Se gastar os R$ 7.500 restantes, terá pago mais R$ 3.000 de impostos. Resumindo… só ganha (tax free) R$ 4.500 de R$ 10.000.

Tributação sueca. Mas paga escola, plano de saúde, seguros caríssimos e, às vezes, segurança privada.

Aos que pregam o socialismo no Brasil, e usam países nórdicos como exemplo, seria bom atentar para um fato evidente: no Brasil, a escassez é gritante, desesperante.

O mulato inzoneiro do coqueiro que dá coco ainda não tem riqueza suficiente para tornar-se socialista pelo extermínio da escassez.

Pelo cerco à propriedade privada e redução de liberdades individuais dá, mas pelo lado “nobre”, resta evidente que não.

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Por que estamos tão ricos, mas não sentimos isso?

Posted on 10/01/2014. Filed under: Finanças |

Volta e meia aparece um político brasileiro na TV para celebrar nossa riqueza. Ontem foi a governadora do Maranhão a dizer que o estado está mais violento porque está mais rico.

Em todos os cantos só se diz que a renda subiu muito no Brasil, que o salário mínimo é de 300 dólares etc.

E o pior é que isso aconteceu MESMO!

Digo que é o “pior”, pois deveríamos sentir isso em nosso poder de compra. E não é o caso.

Antes, um parêntese…

Os brasileiros na linha do salário mínimo, principalmente aposentados, sentiram realmente evolução no poder de compra, ao menos de itens básicos.

Há também os beneficiados pelo capitalismo risk free. Como o governo entupiu a economia com crédito barato e forçou um monte de obras, sem limite de gasto, houve uma forte inflação de custo de mão-de-obra. Algumas profissões nessas áreas devem ter observado crescimento salarial muito maior do que a média.

Voltando aos motivos de nossa evidente riqueza e aparente pobreza…

Além de usar o salário mínimo como parâmetro, vamos usar também o salário médio, divulgado mensalmente na PME. O salário médio NOMINAL, em tese, deveria refletir a renda média do brasileiro e incluir a maioria da população economicamente ativa.

Em suma, ao usar esse parâmetro (renda média), nosso estudo deverá refletir a realidade de mais brasileiros.

O estudo é simples.

Poderia ser mais completo se houvesse estatísticas padronizadas por aqui, mas, infelizmente, nem a evolução nominal do preço da gasolina eu consegui. Consegui em vários países, mas nadica de nada por aqui.

Vamos aos resultados (divulgo a planilha ao final), atentando para o fato de que TODOS OS DADOS são nominais. Isso porque a inflação será medida de outra forma.

Salário médio x salário mínimo

Em Dez/1997 o salário mínimo (SM) brasileiro era de R$ 120,00 e o salário médio (RMN – renda média nacional) de R$ 744,11. No salário médio do brasileiro “cabia” 6,2 salários mínimos.

Em Nov/2013, o SM era R$ 678,00 e a RMN 1.965,20. Ambos cresceram bastante, mas em 2013, o salário médio do brasileiro representava 2,9 salários mínimos, uma queda de 53%.

Ambos subiram, mas é evidente que o SM subiu muito mais.

Cesta básica e itens avulsos

O salário médio do brasileiro, em 1997, 1998 e 1999 comprava, respectivamente, 7,83, 8,06 e 7,51 cestas básicas, enquanto o salário mínimo nos mesmos anos comprava, 1,26, 1,38 e 1,35 cesta básica.

Em 2011, 2012 e 2013, a coisa muda de figura. O salário médio comprava, respectivamente, 6,28, 6,40 e 6,20 cestas básicas, menos do que no final dos anos 90, porém o salário mínimo comprava 2,07, 2,21 e 2,14 cestas básicas.

Consegui acesso a uma pesquisa da UFJF com preços dos itens da cesta básica desde 1994.

Ao comparar por item, a perda de poder aquisitivo da classe média (que ganha o salário médio) e o ganho do salário mínimo fica ainda mais evidente.

Índice Big Mac…, digo… pão francês.

O salário médio perdeu cerca de 32% de poder de compra neste item, entre 1998 e 2013, enquanto o poder de compra do salário mínimo aumentou 46%.

Carne de 2

O salário médio perdeu cerca de 49% de poder de compra neste item, entre 1998 e 2013, enquanto o poder de compra do salário mínimo aumentou 8,7%.

Feijão

O salário médio perdeu cerca de 41% de poder de compra neste item, entre 1998 e 2013, enquanto o poder de compra do salário mínimo aumentou 24,8%.

Arroz

O salário médio perdeu cerca de 28% de poder de compra neste item, entre 1998 e 2013, enquanto o poder de compra do salário mínimo aumentou 53,3%.

É evidente que a classe média deve ter sentido perda de poder aquisitivo, porém isso não deve ter ocorrido para quem ganha salário mínimo (considerando APENAS esses itens).

Custo de moradia

Esse é um ponto onde todo mundo perde, e perde feio.

Como não há histórico suficiente no Brasil (o prof. Robert Shiller deu uma leve humilhada no Brasil, dia desses, por conta disso), não nos resta outra opção a não ser usar o índice FIPEZAP (do RJ) para medir o poder aquisitivo dos diferentes “salários”.

Nesse ponto temos que partir de Dez/2007 e Jan/2008, pois não há dados anteriores.

E aqui a coisa aperta SIGNIFICATIVAMENTE.

Entre Dez/2007 e Nov/2013, a perda de poder aquisitivo do salário médio, em relação a COMPRA de moradia própria, foi de 49,5%. Em relação ao custo de ALUGUEL a perda foi mais modesta, mas ainda grande, de cerca de 27%.

Entre Dez/2007 e Nov/2013, a perda de poder aquisitivo do salário mínimo, em relação a COMPRA de moradia própria, foi de 46,5%. Em relação ao custo de ALUGUEL a perda foi de cerca de 22,5%.

Queria ter acesso aos dados de 1998-2007, pois lembro dos preços aqui do RJ, mas não posso considerar minha lembrança como “dado”. Só sei que um apto modesto em Ipanema, de 1 ou 2 quartos em 1995 saia por algo entre 50.000 e 70.000. Em 2002, com certeza, era possível comprar um quarto e sala em copa, bem localizado, por 90.000-100.000 e um 2 quartos em Botafogo por 140.000. Disso eu lembro bem.

Aliás… nem precisa ir tão longe. Em 2007 era possível comprar um 3 quartos excelente em Botafogo por 300.000. Hoje… 1,5 milhão…

Nesse aí, tá todo mundo sofrendo…

Considerações sobre outros custos

Queria que fosse fácil achar dados no Brasil. Mas infelizmente não é.

Aparentemente há outros itens que subiram muito mais do que os salários (tanto médio quanto mínimo).

Com certeza o “serviço de juros” deve ter crescido bastante no orçamento das famílias, uma vez que o endividamento é recorde e as carteiras de crédito dos bancos só crescem. Até onde sei, os juros do cheque especial e do cartão de crédito continuam muito altos.

As mensalidades de escola, pré-escola (essa então…) e graduação, também parecem ter subido significativamente.

Os preços controlados como pedágios, gasolina, luz, gás etc., mesmo não estando baratos, poderiam estar reforçando mais ainda nossa realidade de “riqueza” e sensação de “pobreza”. Mas o governo vem segurando os mesmos há algum tempo.

Eu não sei há quanto tempo o pedágio da ponte está congelado em R$ 4,90 e da Dutra em R$ 10,10. Talvez uns 3 anos.

Produtos de maior valor agregado, variações invisíveis na quantidade dos produtos (e aumento mascarado no preço) etc., são outros itens que devem ter reduzido o poder aquisitivo dos salários.

Bom, acho que é meio evidente que, para quem não está naqueles empregos mais beneficiados pela onde de crédito subsidiado e capitalismo risk free, a sensação é de ganhar muito mais e de gastar muito mais ainda!

Um apelo ao bom senso

Nós não temos controle, individualmente, sobre os preços, mas façamos nossa parte. Não compre o que julgue ter alta abusiva. Mesmo que possa pagar.

É uma questão de “pertencimento”. Você não está sozinho na sociedade. Não deixe que sua abundância de renda prejudique seu próximo. Às vezes é seu vizinho, seu amigo ou seu irmão.

Os liberais e libertários devem me detestar ao ler algo assim, mas é importante incluir na equação econômica o sistema de valores das pessoas. Aqui é a lógica do “posso-pago”, mas não é esse o comportamento em economias desenvolvidas.

Ah… esse presunto de Parma a R$ 400 o quilo e cerveja em lata a R$ 2,39… se depender de mim… terá que voltar aos R$ 79 o quilo e aos R$ 1,49. Senão, é presunto sadia a R$ 18,90 e Cintra a R$ 1,29 (ou Devassa a R$ 0,99, hoje no Guanabara!!!!)

Planilha

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Balanceamento de Carteira – Dúvidas.

Posted on 08/01/2014. Filed under: Finanças |

Esse post segue o de ontem, sobre gestão de um portfólio com dois ativos (renda fixa e renda variável).

Aos que ainda não leram, sugiro primeiro que acompanhem no link abaixo o post original, pois esse só pretende tirar dúvidas mais profundas dos leitores.

Balanceamento de Carteira – Evitando a Síndrome da “Troca de Pernas”.

Vamos às dúvidas…

Um leitor atento, que também tem um blog de finanças, fez várias simulações com a gestão proposta (rebalanceamento de carteira), mas não obteve resultados que justifiquem o uso do método.

Para quem quiser ler em seu blog, aí vai:

http://di-finance.blogspot.com.br/2012/04/asset-allocation-novo-estudo.html

Com relação ao balanceamento, alguns pontos são importantes:

  • Ele depende SIM do perfil dos ativos e também dos valores iniciais. É claro que, se começarmos num ponto em que a bolsa está na mínima, deve reduzir os benefícios do método.
  • Ocorre que nunca sabemos qual é a mínima ou a máxima, por isso o método não é para “acertar”, mas para aproveitar, ao menos, parte das oportunidades que surgem.
  • Em períodos curtos, os benefícios não aparecem, ou são bem reduzidos.
  • Em períodos longos, mesmo quando o aporte inicial favoreceria a bolsa (ver 1996 na planilha abaixo), o método teve resultado superior.
  • O método se aproveita de oscilações, portanto, será mais funcional em períodos longos, onde os períodos de alta (Bull) e de baixa (Bear) tendem a acontecer (ciclos econômicos, bolhas infladas e furadas etc.).

Não se pode aplicar a teoria Risco e Retorno para o caso

Pela lógica da teoria de risco e retorno, o método, como tem menos risco do que a RV e mais do que a renda fixa, deveria, no longo prazo, posicionar-se entre ambos, no que diz respeito ao retorno.

Mas isso só faria sentido, se deixássemos o portfólio imutável. Ele deveria reduzir o risco e também o retorno, mas isso não se aplica ao caso.

Como é gestão ativa, provavelmente o método, para períodos longos (superiores a 10 anos) acabou vencendo qualquer estratégia passiva usando os dois ativos (RV e RF), por força do Dollar Cost Averaging (DCA).

Sobre o assunto (DCA), dois posts importantes que publiquei com a apresentação do DCA e resposta às críticas dos adeptos do LSI.

Como bater o mercado sem nem mesmo tentar? Dollar Cost Averaging.

Corrigindo outros equívocos: Dollar Cost Averaging x Lump Sum Investing

Pois bem, como compramos ações só quando caíram bastante, é claro que compraremos mais “quantidade” pelo mesmo volume de dinheiro. R$ 1.000 comprariam 20 ações de R$ 50,00, porém, se a ação cair a R$ 25, os mesmos R$ 1.000 comprarão 40 ações.

Talvez isso explique o motivo do método ter batido os dois ativos individuais, em períodos mais longos.

Testando para períodos desde “1995-2013” a “2009- 2013”.

Veja o resumo dos resultados:

balanc

De todos os períodos testados, o ano de 1996 é especial. Isso porque dá uma grande vantagem à renda variável, pois seu início, com 4.299 pontos, é o menor da série histórica (de fim de mês). O segundo menor Ibov é 15% superior a esse.

Em tese, como “comprou-se na mínima”, a renda variável deveria ganhar com grande frente dos outros métodos. Mas não aconteceu isso. Em 96 meses, o método teve resultado melhor do que a RV (que também esteve na frente em 95 meses). Em dez/2013, o valor aplicado pelo método, teria chegado a R$ 1.423 mil, contra R$ 1.198 mil da RV (18,7% maior).

E isso, MESMO com a grande sorte de ter comprado na mínima.

Em 15 períodos:

  • O método teria valor maior em dezembro de 2013 em 10 anos, a Renda Fixa em 4 anos e a RV só em um.
  • O valor máximo atingido seria oferecido pelo método em 4 períodos, pela Renda Variável em 9 e pela Renda Fixa em 2. O que faz sentido, pois os picos de alta só acontecem com a RV.
  • O método teve mais meses vencedores em 1995,1996, 1997, 1998, 2001 e 2007, a RV teve mais meses vencedores em 1999, 2002, 2003, 2004, 2005, 2006 e 2009, e a RF em 2000 e 2008.
  • Vale ressaltar que o ano de 1999 é muito atípico, pois a bolsa caiu de 10.479 em jan/1998 para 6.784 em jan/1999, favorecendo muito a RV.
  • Pode-se dizer que, em média, o balanceado foi amplamente superior nos períodos iniciados entre 1995 e 2001, e cumpriu seu papel (reduzir risco e retorno) nos anos seguintes.

Em resumo…

Para aqueles que querem acumular patrimônio em prazos mais longos (acima de 8-10 anos) o método deve cumprir mais do que seu papel, podendo até bater os investimentos individuais.

Mesmo que o use para períodos mais curtos, o que se espera dele deve acabar ocorrendo. Perceba que no período iniciado em 2008 a Renda Fixa ganha amplamente, mas o método reduz a perda na bolsa. Já em 2009, quando a renda variável vence, o método consegue capturar um pouco desse ganho e vencer a renda fixa pura.

Em suma, no médio prazo, deve servir como redutor de risco (e, naturalmente, de retorno), mas no longo prazo, tem chance de bater as carteiras individuais.

Pelo menos é o que se verificou nos últimos anos.

Pessoalmente, não consigo antever algum perfil de oscilação de bolsa (para o futuro) que possa derrubar o método no longo prazo.

Supondo que não há bolsa sempre em alta, nem sempre em baixa, desde que haja oscilações entre otimismo e conservadorismo, as oportunidades para o método devem aparecer.

Planilha

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Balanceamento de Carteira – Evitando a Síndrome da “Troca de Pernas”.

Posted on 07/01/2014. Filed under: Finanças |

Um dos “episódios” mais comentados e utilizados pelos leitores do livro “O Mercado de Ações em 25 Episódios”, é o que trata de Gestão de Portfólio (episódio 18).

A lógica é simples, gerir ativamente um portfólio de 50% de renda fixa e 50% de Ibovespa (renda variável) daria melhor resultado do que apenas deixar os valores investidos nesses ativos ao longo dos anos.

Muitos investidores se perguntam se não seria razoável vender ações quando o ganho for muito elevado, ou comprar quando caem muito, mas não sabem QUANDO.

O método proposto mostra que isso se resolve facilmente, estabelecendo um percentual de “desajuste” para o qual a carteira deverá ser rebalanceada.

Exemplo para 30%

Supondo uma carteira de 100.000, sendo 50.000 em renda fixa e 50.000 em renda variável, a carteira deveria ser rebalanceada (vender o que subiu demais e comprar o mais barato), toda vez que a diferença entre os ativos atingir 30%.

Se, por hipótese, a renda variável atingisse 65.000 e a renda fixa estivesse em 50.000, seria uma diferença de 30% (65.000 ÷ 50.000 – 1).

Dessa forma, deve-se vender R$ 7.500 de “ações” e “comprar” R$ 7.500 de renda fixa, deixando a carteira com R$ 57.500 de cada tipo de ativo (somando os mesmos R$ 115.000 iniciais).

Os resultados no livro já foram impressionantes (mesmo com a forte queda de 2008). Na atualização de dezembro de 2010 (ler aqui), resultados ainda mais contundentes, mesmo com a recuperação forte da bolsa.

Atualização de dezembro de 2013.

Bom, a atualização do estudo mostra que, quanto maior o prazo, mais benefícios essa estratégia “à prova de idiotice” (parodiando Eike rsrsrs) traz.

Adiantando alguns resultados…

Para quem tinha R$ 100.000 em 1° janeiro de 1998, sendo R$ 50.000 em renda fixa (descontado o IR) e R$ 50.000 em bolsa (Ibovespa), teria R$ 571.518 caso mantivesse suas posições intactas.

Caso tivesse rebalanceado sua carteira (igualado o valor aplicado) a cada diferença de 40% nos ativos (Renda fixa e Ibovespa), teria muito mais. Teria R$ 725.578, tendo feito APENAS 8 operações de ajuste em 192 meses!!!!

Pouco trabalho, para ter um patrimônio 27% maior!!!

O Gráfico ilustra muito bem essa realidade:

Grafico

Perceba como raras vezes a carteira balanceada perde das carteiras de ativo único (comparando para os mesmos valores iniciais).

Bom, as implicações, detalhes sobre impostos, melhor percentual estão detalhadas no livro.

Fica um resumo em forma de tabela da atualização de 2013:

tabela

E para os que quiserem a planilha completa com o estudo, cliquem no link abaixo:

Planilha.

Atualização 18:06…

Aos amigos que trabalham com finanças, professores, agentes autônomos, analistas etc.

Seria muito bom se pudessem refazer o estudo considerando o Ibovespa diário (pode aproximar a rentabilidade da RF pela mensal ou pro rata).

É óbvio que a oportunidade se apresenta por conta da volatilidade, no meu estudo há apenas o rebalanceamento tomando por base o Ibovespa do fim do mês, mas seria interessante ver se o IBOV diário não apresentaria outras oportunidades.

Não sei se fará muita diferença, mas é um bom objeto de estudo para alunos de graduação e pós.

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  • Disclaimer

    Este blog é um ambiente privado para expor opiniões, estudos, reflexões e comentários sobre assuntos ligados a finanças, bolsa de valores, economia, política, música, humor e outros temas.

    Seus objetivos são educacionais ou recreativos, não configurando sob nenhuma hipótese recomendação de investimento.

    O investidor consciente deve tomar decisões com base em suas próprias crenças e premissas. Tudo que lê ou ouve pode ser levado em consideração, mas a decisão de investimento é sempre pessoal. Tanto na escolha de ações para carteira própria, quanto na escolha de gestores profissionais para terceirização da gestão.

    O Autor espera que os temas educacionais do blog possam ajudar no desenvolvimento e no entendimento das nuances do mercado de ações, mas reitera que a responsabilidade pela decisão de investimento é sempre do próprio investidor.

    Sejam bem vindos!

  • Paulo Portinho

    PAULO PORTINHO, engenheiro com mestrado em administração de empresas pela PUC-Rio, é autor do Manual Técnico sobre o Método INI de Investimento em Ações, do livro "O Mercado de Ações em 25 Episódios" e do livro "Quanto Custa Ficar Rico?", os dois últimos pela editora Campus Elsevier.

    Paulo atuou como professor na Pós-graduação de Gestão Social da Universidade Castelo Branco e na Pós-graduação oferecida pela ANBIMA de Capacitação para o Mercado Financeiro.

    Atuou como professor da área de finanças e marketing na Universidade Castelo Branco e no curso de formação de agentes autônomos do SINDICOR.

    Como executivo do Instituto Nacional de Investidores - INI (www.ini.org.br) entre 2003 e 2012, ministrou mais de 500 palestras e cursos sobre o mercado de ações, sendo responsável pelo desenvolvimento do curso sobre o Método INI de Investimento em Ações, conteúdo que havia chegado a mais de 15.000 investidores em todo o país, até o ano de 2012.

    Representou o INI nas reuniões conjuntas de conselho da Federação Mundial de Investidores (www.wfic.org) e da Euroshareholders (www.euroshareholders.org), organizações que congregam quase 1 milhão de investidores em 22 países.

    Atuou como articulista do Informativo do INI, do Blog do INI, da revista Razão de Investir, da revista Investmais, do Jornal Corporativo e do site acionista.com.br. Foi fonte regular para assuntos de educação financeira de veículos como Conta Corrente (Globo News), Infomoney, Programa Sem Censura, Folha de São Paulo, Jornal O Globo, entre outros.

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