Archive for agosto \30\-03:00 2011

Sugestão de Filme: The Company Men – A Grande Virada

Posted on 30/08/2011. Filed under: Finanças |

Para começar, o nome em português “A Grande Virada” é, para variar, uma escolha equivocada. Profunda como um pires.

Não representa em nada o objetivo central do drama encenado por Ben Affleck, Tommy Lee Jones, Chris Cooper, Kevin Costner e Maria Bello.

Ao contrário do que o título em português sugere, o filme não traz histórias de “volta por cima”, mas sim uma reflexão a respeito da forma como executivos de alto nível reagem ao downsizing em suas companhias, o impacto da queda no padrão de vida, a negação e outros fatores psicológicos e sociológicos que se misturam em suas reações.

Não vou criticar mais o nome em português para não contar mais detalhes do filme, mas, ao vê-lo, não pense em “A Grande Virada“, pense em “Riqueza que liberta, Riqueza que aprisiona“.

Alguns não sabem, mas essa última frase era o título original do meu segundo livro pela Campus-Elsevier, “Quanto Custa Ficar Rico?” que, apesar de ser bem menos badalado do que “O Mercado de Ações em 25 Episódios“, traz um modelo importante e completo sobre o conceito de riqueza e de como atingi-la.

Ben Affleck e a Riqueza que Aprisiona

O personagem de Affleck mostra com impressionante clareza que é possível um casal sem filhos, com uma casa de 7 quartos em área nobre, com um Porsche e um Volvo 0 Km na garagem, títulos do golfe clube e de outras associações NÃO SER RICO. Pelo modelo desenvolvido no livro, o índice de riqueza deles estaria perto de ZERO, apesar do Porsche e do Golfe.

Aliás, a velocidade com que o padrão se degrada, ao perder o salário de 6 dígitos, é o tamanho da sua “não-riqueza”. Veja que aqui não se trata de “pobreza”, é simplesmente ausência de riqueza, como demonstro no livro.

É um filme importante, pois verdadeiro. A modelagem de sucesso que é valorizada e buscada nos EUA, e que faz escola aqui no Brasil, prestigia amplamente a “Riqueza que Aprisiona”. O que acontece quando a fonte de renda seca e não há patrimônio líquido suficiente para manter o padrão, é a materialização dessa prisão sem grades.

Você se vê preso por US$ 250.000 anuais. E a maioria deles utilizado para manutenção de bens de luxo. É comum gastar-se mais com carros no Brasil (em termos patrimoniais) do que com educação dos filhos. Um carro chega a consumir, em termos patrimoniais, entre 30% e 40% de seu valor ao ano, conforme demonstrado amplamente no livro e nas planilhas disponibilizadas nesse blog.

Chegou o bônus da companhia! Vou demolir alguns tijolos da minha prisão, ou construir mais algumas grades?

Recebeu R$ 100.000. Se comprar um outro carro de R$ 100.000, isso vai aumentar em cerca de R$ 20.000 sua necessidade anual de caixa, além de drenar outros R$ 10.000 ou R$ 12.000 de valor patrimonial do bem. Se comprar ações da Marcopolo, da AES Tietê, Títulos do Tesouro, ou qualquer outro ativo que renda juros, dividendos etc., poderia acrescentar cerca de R$ 5.000,00 a R$ 8.000,00 ao seu caixa anual, já livre de inflação.

O filme é assustador nesse ponto.

Não é só o personagem de Affleck, mas executivos que dedicaram 30 anos à empresa, que ganhavam rios de dinheiro, quando perdem a renda de seu trabalho não têm estrutura financeira capaz de sustentar seu padrão.

Como pode?

Como encontrar esse equilíbrio entre consumo e conforto e poupança, para evitar que sua renda o torne escravo?

Foi o que tentei organizar no livro “Quanto Custa Ficar Rico?“, o qual ainda lamento que não se chame “Riqueza que Liberta, Riqueza que Aprisiona“. O primeiro pode vender muito mais, porém não explicita a correta natureza do texto.

Minha personagem favorita

A mulher do personagem de Affleck é um exemplo de como a mente e o comportamento devem mudar, quando se depara com a perda de renda.

Todo o posicionamento dela, por mais duro que seja, buscava levar o casal a um novo patamar de equilíbrio, muito mais modesto. Grande exemplo, grande companheira.

Recomendo o filme por considerá-lo uma lição bem encenada e completa sobre o enorme abismo que existe entre RENDA ELEVADA e RIQUEZA.

Renda elevada é ótimo. Quanto maior melhor, mas não é garantia de riqueza para ninguém. O conceito é muito mais profundo.

Por maior que seja a renda, Riqueza é algo que se constrói com o tempo e com decisões financeiras libertadoras.

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Sugestão de Filme: Too Big to Fail – A crise de 2008

Posted on 30/08/2011. Filed under: Finanças |

Caros leitores,

Lamento ter passado tanto tempo sem postar, mas o volume de eventos a atribuições no INI (www.ini.org.br) não permitiram maior desenvoltura.

Mas volto com a indicação de uma obra prima sobre a crise de 2008, especificamente sobre os acontecimentos que envolveram a queda do Lehman Brothers.

O filme Too Big to Fail funciona como uma encenação, bastante fiel, sobre os fatos que antecederam a quebra do Lehman. A intenção do diretor (e do autor do livro em que se baseia) é evidentemente retratar os fatos. Ele chega quase a ser insípido, inodoro e incolor no que se refere a ideologias ou crenças políticas e econômicas.

Não sei se tem em DVD, mas está passando na HBO.

O elenco

Foram chamados atores do primeiro time de hollywood (Jolie e Pitt estão no time zero, ninguém paga…) para interpretar Dick Fuld, Henry Paulson, Warren Buffett, Ben Bernanke e todos os outros personagens reais que estiveram envolvidos com aquele episódio.

Para quem viveu…

Quem esteve envolvido com aquele momento marcante da história econômica mundial, vai sentir como se estivesse vendo, de camarote, todos os fatos de bastidores. Ou quase todos…

Você será espectador privilegiado, quase um insider, de muitos fatos importantes, aqui vão alguns:

Verá Dick Fuld rejeitando uma proposta de Buffett, quando as ações do Lehman estavam em US$ 26,00, pois acreditava que poderia ganhar mais.

Verá um consultor financeiro de primeira linha ser o primeiro a descobrir que a AIG não teria dinheiro para pagar os compromissos na segunda feira dia 15 de setembro, verá ele falar para Henry Paulson e descobrir que o governo americano nem fazia idéia do buraco da seguradora.

Verá Henry Paulson pagar mico numa coletiva, afirmando que o mercado estava reagindo bem à quebra do Lehman, quando, na realidade, no momento da entrevista, já estava caindo mais de 5%.

Verá o presidente da SEC ser retratado como um deslumbrado, sem qualquer noção do que estava acontecendo. Ah… e ser obrigado a pedir a Fuld que decrete a falência do Lehman.

Há críticas…

Para ser sincero, ao contrário do que alguns críticos dizem, achei a idéia de retratar todos os personagens sem traços específicos de caráter, bons ou maus, um dos pontos altos do filme.

É para Fidel ver, tanto quanto é para Milton Friedman. Ninguém vai notar juízos de valor ou traços ideológicos no filme.

A única crítica (quase) negativa ao filme, é que o personagem principal Henry Paulson, interpretado por Willian Hurt, é retratado de forma muito cândida. Duvido que com aquele histórico de banqueiro ele tivesse toda aquela ponderação demonstrada no filme.

Well.. That´s it!

Divirtam-se.

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No Blog do INI Análises BB-BI dos resultados do 2T11 para Petrobras, Vale, Bradesco e dezenas de outras Cias A bertas

Posted on 19/08/2011. Filed under: Finanças |

Caros leitores,

Listo a seguir todos os links para as análises feitas pelo BB para os resultados do 2T11:

Análises do BB sobre os resultados do segundo trimestre de 2011

Análises BB-BI dos resultados do 2T11 para Petrobras, OI, OGX, Cyrela, BRFoods e outras

Análises BB-BI dos resultados do 2T11 para Bradesco, Cielo, Comgas, Daycoval, Fibria, Localiza, M Dias Branco, Natura, Redecard, Romi, Santander, Vale, Weg

Análises BB-BI dos resultados do 2T11 para CSN, Itaú, Klabin, Usiminas e Magazine Luíza

Análises BB-BI dos resultados do 2T11 para MMX, ALL, Eternit, Marcopolo, ABC, EZTEC, Tecnisa, B2W, LAME e Gerdau

Análises BB-BI dos resultados do 2T11 para Bic Banco, Drogasil, Randon, Tam, SLC Agrícola e Suzano

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O Mercado e sua “Racionalidade” – Parte II

Posted on 11/08/2011. Filed under: Finanças |

Estudos de caso!

CASO A: BM&FBovespa, dia 10 de agosto de 2011 – Forjas Taurus PN cotada a R$ 1,77.

CASO B: BM&FBovespa, dia 11 de agosto de 2011 – Eletropaulo PN em queda de quase 6%

Antes, é bom repetir…

Este texto não quer questionar os eventos, pois o mercado é sempre soberano, mesmo quando não faz sentido.

Aliás, questionar o mercado é o primeiro caminho para perder dinheiro. Quem manda, no curto prazo, é sempre o fluxo!

Vamos aos casos…

CASO A

Como todos já devem saber a esse tempo, as Forjas Taurus passaram por uma reestruturação onde:

  • Os acionistas controladores perderam a maioria das ON´s
  • AS PN´s ganharam tag along
  • Os acionistas minoritários ganharam 25% a mais de ações para incorporar a polimetal
  • O balanço da companhia vai mostrar alguma deterioração, pois irá incorporar uma empresa deficitária e endividada.
  • Toda a operação foi aprovada exclusivamente por minoritários não controladores.

Após a divulgação do resultado, a companhia caiu muito e fechou o dia valendo R$ 251 milhões.

Independente do lucro líquido em queda, fruto primordialmente do dólar baixíssimo, é uma empresa que tem um ativo de R$ 960 milhões (3,8 vezes o market value) e um patrimônio líquido de R$ 460 milhões (P/VPA de 0,55). Além de uma faturamento estimado em R$ 700 milhões no ano + um EBTIDA estimado em R$ 110 milhões no ano (estimado pelo guidance do 3T11).

A FJTA declarou um dividendo/JSCP de quase R$ 3,9 milhões. É pouquinho, mas com base no preço de mercado do dia 10 de agosto, representava 1,55%!!!! Em 1 semestre, foi quase o dividend yield da VALE em 2010, por exemplo.

Essa Polimetal deve ser um iceberg daqueles de derrubar titanic… E deixe a banda tocar…

CASO B

O caso B é ainda mais interessante, pois dá a impressão de que os investidores não entendiam de Eletropaulo.

Qualquer pessoa que tenha lido os relatórios da companhia SABIA que a ELPL tinha apurado um lucro não recorrente enorme no segundo trimestre de 2010 e que, na comparação, isso iria prejudicar o lucro do 2T11.

O lucro caiu 47%… Mas não era óbvio?

A leitura do release não traz novidades expressivas ao quadro da ELPL. A dívida líquida aumentou? Sim, mas a bruta diminuiu. A Líquida aumentou pelo pagamento de dividendos.

A empresa ainda declarou R$ 1,85 de dividendos a serem pagos em 22 de setembro. Ora… 6% não é desprezível.

O mercado está sempre certo

Vale relembrar que o mercado está sempre certo, mesmo quando não parece fazer sentido. Contra fluxo, não há argumentos.

Mas que é uma racionalidade toda especial, lá isso é!!!

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Calcule o P/L e o Dividend Yield teóricos de uma Carteira de Ações

Posted on 03/08/2011. Filed under: Finanças |

Em momentos de “alta tensão” como os recentes, é bom estar com os pés em bons fundamentos.

Uma das poucas seguranças que um investidor pode ter, quando se encontra num mercado em crise ou com potencial para grandes quedas, é estar posicionado em companhias com lucros reais (sem itens não-recorrentes) e com múltiplos fundamentalistas confortáveis.

É claro que o preço reflete expectativas futuras, mas uma crise pode ser ainda mais grave para quem está posicionado em ações sem fundamento ou com múltiplos fundamentalistas desconfortáveis, que já incorporam expectativas muito otimistas.

P/L e Dividend Yield de uma carteira de ações

Calcular o P/L (índice preço-lucro) e o Dividend Yield DY (retorno % com dividendos) é bem simples para uma só ação e bastante difundido em sites gratuitos e pagos.

Mas há como fazê-lo para uma carteira de ações (pessoal, de clube ou de fundo).

Veja o exemplo para o clube Stratocaster (com portfólio real, porém quantidades fictícias):

 

A partir da posição/carteira do clube, calcula-se o lucro e os dividendos/JSCP aos quais ele, em teoria, teria direito (por conta de sua participação nas companhias):

 

 

Para calcular os múltiplos fundamentalistas basta pegar o Patrimônio em ações e dividir pelo Lucro do Clube (P/L) e dividir os dividendos aos quais teria direito pelo patrimônio total em ações.

Resultados:

P/L Clube 5,9989
DY Clube 7,4988%

Faça para seu clube ou para sua própria carteira de ações e veja sob que fundamentos estão seus pés!

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O mercado e sua “racionalidade”

Posted on 02/08/2011. Filed under: Finanças |

São dias interessantes…

Hoje, 02 de agosto de 2011, o Itaú anuncia crescimento no lucro trimestral de 14% (empate no lucro recorrente), sua ação cai 3%. Isso porque a empresa já está com P/L abaixo de 10, na média.

Já a Usiminas anuncia queda no lucro de 62%. Lucro de pouco mais de 150 milhões. Sua ação sobe 3%. Isso porque o P/L vai para quase 15 na média dos dois.

As Forjas Taurus, pós-reestruturação, atingiram valor de mercado de R$ 317 milhões. Isso dá, ao lucro de hoje, P/L 5, P/VPA 0,33 e 6% de DY (com base nos 22 milhões distribuídos).

Essa empresa incorporada (Polimetal) deve ter um balanço péssimo mesmo. Infelizmente é coisa que o acionista só vai conseguir saber nos resultados do 3T11.

Mas um objetivo parece estar encaminhado. O volume de negociação triplicou para a PN e aumentou 10 vezes para a ON.

O que há de errado?

NADA!

Mercado de ações é isso.

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  • Disclaimer

    Este blog é um ambiente privado para expor opiniões, estudos, reflexões e comentários sobre assuntos ligados a finanças, bolsa de valores, economia, política, música, humor e outros temas.

    Seus objetivos são educacionais ou recreativos, não configurando sob nenhuma hipótese recomendação de investimento.

    O investidor consciente deve tomar decisões com base em suas próprias crenças e premissas. Tudo que lê ou ouve pode ser levado em consideração, mas a decisão de investimento é sempre pessoal. Tanto na escolha de ações para carteira própria, quanto na escolha de gestores profissionais para terceirização da gestão.

    O Autor espera que os temas educacionais do blog possam ajudar no desenvolvimento e no entendimento das nuances do mercado de ações, mas reitera que a responsabilidade pela decisão de investimento é sempre do próprio investidor.

    Sejam bem vindos!

  • Paulo Portinho

    PAULO PORTINHO, engenheiro com mestrado em administração de empresas pela PUC-Rio, é autor do Manual Técnico sobre o Método INI de Investimento em Ações, do livro "O Mercado de Ações em 25 Episódios" e do livro "Quanto Custa Ficar Rico?", os dois últimos pela editora Campus Elsevier.

    Paulo atuou como professor na Pós-graduação de Gestão Social da Universidade Castelo Branco e na Pós-graduação oferecida pela ANBIMA de Capacitação para o Mercado Financeiro.

    Atuou como professor da área de finanças e marketing na Universidade Castelo Branco e no curso de formação de agentes autônomos do SINDICOR.

    Como executivo do Instituto Nacional de Investidores - INI (www.ini.org.br) entre 2003 e 2012, ministrou mais de 500 palestras e cursos sobre o mercado de ações, sendo responsável pelo desenvolvimento do curso sobre o Método INI de Investimento em Ações, conteúdo que havia chegado a mais de 15.000 investidores em todo o país, até o ano de 2012.

    Representou o INI nas reuniões conjuntas de conselho da Federação Mundial de Investidores (www.wfic.org) e da Euroshareholders (www.euroshareholders.org), organizações que congregam quase 1 milhão de investidores em 22 países.

    Atuou como articulista do Informativo do INI, do Blog do INI, da revista Razão de Investir, da revista Investmais, do Jornal Corporativo e do site acionista.com.br. Foi fonte regular para assuntos de educação financeira de veículos como Conta Corrente (Globo News), Infomoney, Programa Sem Censura, Folha de São Paulo, Jornal O Globo, entre outros.

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