Archive for junho \19\-03:00 2013
Sobre as passeatas e as manifestações dos últimos dias. O que ainda não foi dito?
Amigos do Blog desculpem por usar esse espaço, que é essencialmente para desenvolver nossa educação financeira, para outros fins.
O Blog não vai mudar, mas como é meu canal de comunicação mais visitado, quero aproveitá-lo para dizer o que (ainda) não foi dito, a respeito das manifestações dos últimos dias.
Faço isso porque vejo muitas lideranças intelectuais e oposicionistas acuadas e/ou flagrantemente agressivas contra o movimento, vide Reinaldo Azevedo por exemplo.
Não vou falar de política ou fazer apologia, vou tentar, humildemente, dar relevo ao óbvio. Tudo o que vai abaixo é minha opinião, somente. Não trato como verdade absoluta ou panfletária.
O início
Pareceu-me evidente que, de início, o movimento se deu por força de grupos pré-organizados, com ideias trabalhadas e, eventualmente, financiados por estatais, entidades governamentais e/ou ligadas à militância de partidos extremistas. Foram 1.000, 2.000, 5.000 pessoas.
As entrevistas de alguns líderes de movimentos tipo Passe Livre, Juntos.org e outros, deixam claro que eles se organizam há algum tempo e que têm ligação com lideranças políticas e/ou da sociedade civil organizada.
A presença de muitas bandeiras de PCO, PSTU, PSOL e outros partidos de esquerda, de tendência revolucionária (nesse caso significando “tomar o poder à força”), também deram um caráter “organizado” e partidário a essas primeiras manifestações.
Muita gente, incluindo Jabor e o próprio Reinaldo, criticou essa parte do movimento. Eu também. Fortemente até. Mas…
100.000 pessoas nas ruas…
Nessa semana, a coisa me parece ter mudado MUITO em substância. A “Revolta do Facebook”, que já foi ridicularizada pelos políticos algumas vezes (não tiram a b… da cadeira…), parece ter ido para a rua.
A militância de extrema esquerda e outros radicais continuam lá, mas me parece non-sense acreditar que 100.000 pessoas, que fizeram a travessia candelária-cinelândia em paz e com pouquíssimos policiais nas ruas, seja “militância organizada” ou “massa de manobra” de interesses políticos e/ou da “sociedade civil organizada”, como Reinaldo Azevedo quis, e continua querendo “provar”.
Minha visão dos acontecimentos é um pouco diferente da do main stream. Parece-me, realmente, que há uma força ENORME nas ruas, porém sem direção.
Há, FORA DA MILITÂNCIA POLÍTICA, quem odeie o governo, a rede globo, o capitalismo, a copa do mundo, a inflação, o pãozinho a R$ 14,00 o quilo, o boom imobiliário, os políticos, as obras superfaturadas etc.
Não há rumo, mas a força transformadora está lá.
A imprensa, a informação e a “formação”
A mudança na cobertura da imprensa, que na semana passada tratava o movimento como militância e arruaça, e agora trata o como “um Brasil que acorda”, não é só “fruto de observação”, não é só trabalho jornalístico isento, é, principalmente, “vontade” exposta em texto e vídeo.
Essa multidão, que guarda em si a força para transformar, não sabe bem o que é ainda. É tudo ao mesmo tempo. E essa é uma condição que não ajuda no processo de transformação. Mas é um começo!
Ao oferecerem uma “opinião” organizada para descrever o movimento, a imprensa e formadores de opinião ajudam a FORJAR o próprio movimento, a dar-lhe algum direcionamento, a dar-lhe a substância e o espírito de corpo.
As pessoas nas ruas têm uma infinidade de ideias, muitas díspares, sobre o que estão vivendo, o que querem e o que estão conseguindo. E, ao virem nas TVs, ao lerem em seus colunistas prediletos, uma “explicação” e um “direcionamento” para essas questões (quem somos, o que queremos e para onde iremos), podem se reconhecer e se “encaixar” nessas categorias.
Humilde sugestão aos formadores de opinião
A militância política já é experiente em “manobrar” a massa e usar a força transformadora para interesses próprios. Já fazem isso e, volta e meia, ameaçam botar a militância nas ruas.
Aos formadores de opinião, à imprensa e aos pensadores livres, fica minha sugestão de não perder a chance de ajudar a organizar essa EVIDENTE força transformadora.
Debrucem-se, estudem, pesquisem nas redes sociais, opinem, escrevam de forma contumaz, busquem virtudes e ofereçam-nas ao movimento para que este possa se agarrar e se “compreender” e, enfim, mostrar-se organizado.
Afirmar que são baderneiros, que são massa de manobra de governos e movimentos sociais organizados, que infringem leis, que afrontam a constituição é uma simplificação inútil e preguiçosa. Qualquer ser racional sabe que há isso, mas sabe também que não há.
Vejam como oportunidade de mudança.
Não permitam que a militância organizada se infiltre e desvirtue as ideias e os atos dos manifestantes. A maioria é de gente de bem, que está afrontada com os desmandos no país.
Humildemente, amigos formadores de opinião, vejo esse momento como o mais fértil para que as suas ideias de liberdade e cidadania sejam semeadas e formem grandes massas organizadas para evitar que o Brasil continue à mercê de dirigentes cada vez mais afastados da realidade do povo brasileiro.
Se essa oportunidade passar, pode ser que não tenhamos outra.
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