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Histórico de Preço/Lucro 2008 a 2015 – Marcopolo – POMO3 e POMO4

Posted on 24/04/2015. Filed under: Finanças |

Você sabia que:

  • A Marcopolo subiu quase 1.000% entre março de 2009 e maio de 2013?
  • Que a média da relação Preço/Lucro oscilou entre 8,64 (mínima) e 14,92 (máxima)?
  • E que no P/L atual (18/03/2015) de 8,35, a Marcopolo estaria abaixo de suas mínimas históricas?

Continuando com os levantamentos de dados para o “Método SEMPRE”, vamos mostrar o que aconteceu com a Marcopolo, uma das mais cobiçadas Small Caps da bolsa nos últimos anos.

Pretendo manter artigos semanais de apoio ao Método SEMPRE, porém em breve ficarão somente na Newsletter Premium da ADVFN (por força de contrato). No nosso bom e velho blog, apenas um resumo dos resultados.

Esse post vai analisar detalhadamente o que aconteceu com o Valor de Mercado e com Múltiplos Fundamentalistas da Marcopolo (POMO3 e POMO4).

Sempre relembrando que esse é um artigo de cunho educacional, cujo objetivo principal é demonstrar, explicar e debater questões como aumento de capital, cálculo do valor de mercado, subscrições, variação de ações em tesouraria etc. NÃO se trata de avaliação de ativos.

Antecipando alguns resultados (2008 a março de 2015)…

Como “aperitivo”, para aguçar a curiosidade do leitor e aumentar o interesse pelo complexo histórico de preços de mercado da Marcopolo, veja alguns dados:

  • Seu valor máximo de mercado atingiu R$ 6,268 bilhões, em 31/05/2013.
  • Seu valor mínimo atingiu R$ 626 milhões, em 02/03/2009.
  • O Valor de Mercado Atual da Marcopolo (18/03/2015) é R$ 1,981 bi
  • O P/L atual da Marcopolo é (18/03/2015) é 8,35.
  • A relação P/VPA atual é de 1,20.

 

Coleta de dados

Primeiros passos – Preço histórico

Continua o mesmo passo-a-passo ensinado no livro. Para quem não tem acesso à ferramenta da ADVFN, pode entrar no portal infomoney, por exemplo (há outros), digitar o ticker da POMO3 e POMO4 (ON e PN) e clicar em cotações. Há opção para escolhar cotações históricas com período máximo de 24 meses.

Pode baixar várias planilhas com dados de dois anos, depois organizar os dados em uma só. Ao final, darei um link para uma planilha já organizada.

Os preços que nos interessam são os HISTÓRICOS, ou seja, aqueles que vigiam na época, sem qualquer ajuste a dividendos, eventos societários etc.

 

Quantidade de ações

É bem simples achar a quantidade de ações no trimestre, mas as variações dentro dos trimestres não são tão óbvias.

Entrando no site da CVM ou da Bolsa, procure as informações ou relatórios financeiros. Procure as demonstrações financeiras completas de 2007. Ao clicar, haverá uma opção “05-Composição do Capital”.

Dados de balanços

Utilizei o site Fundamentus.com.br. Não é tão preciso quanto o da CVM e a ADVFN, mas facilita a busca, pois organiza os dados em trimestres.

Poucas variações na base acionária

As modificações na base acionária da Marcopolo foram poucas, o que facilita bastante o cálculo do histórico de Preço de Mercado. Houve 2 bonificações, uma de 100% (cada acionista ganhou 1 ação para cada uma que detinha), em 13/09/2010, e outra também de 100% em 06/08/2013.

Histórico de Valor de Mercado

graf01pomo

 

 

 

 

 

 

 

 

 

graf02pomo

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Percebe-se que a Marcopolo sofreu bastante em 2008, caindo de 1,7 milhão para pouco mais de 600 milhões de preço de mercado, porém, desde a mínima até a máxima, em 2013, teve uma alta expressiva, de quase 10 vezes.

Da mínima em 2/3/2009 (626 milhões) atingiu R$ 6,268 bi em 31/05/2013, alta de 1.000% em cerca de 4 anos.

O curioso é que, conforme escrevi no livro, a Marcopolo estava mesmo com múltiplos acima de sua média histórica em 2013, mesmo sem queda tão acentuada no lucro, o valor de mercado caiu mais de 3 vezes, saindo de cerca de R$ 6 bilhões para R$ 2 bi.

Esse é um dos ensinamentos do Método SEMPRE. Por acaso a Marcopolo foi escolhida como uma das empresas-teste no livro e ficou claríssimo que, apesar de ser uma empresa com histórico excelente, seus níveis de múltiplos fundamentalistas estavam fora dos parâmetros históricos.

Os gráficos a seguir mostram bem isso.

Para detalhes sobre os cálculos baixar a planilha AQUI.

 Histórico de P/L

graf03pomo

 

graf04pomo

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O gráfico do índice Preço/Lucro é muito interessante, pois mostra impressionante regularidade entre 2008 e 2012, algo muito fora do padrão em 2013, algo pouco fora do padrão em 2014 e uma volta à realidade histórica em 2015.

Lembra o que diz os professores Jeremy Siegel e Robert Shiler, que o P/L muito alto sempre volta à sua média, mas, infelizmente, pelos motivos errados (a queda no preço!).

Pelo gráfico, parece razoável crer numa oscilação histórica entre 7-8 nas mínimas e 14-15 nas máximas, excluindo os outliers de alta e de baixa (5 em 2009 e 20 em 2013).

Dicas de análise

É claro que um P/L 8,5 parece baixo diante do histórico da Marcopolo, mesmo para economia desaquecida. Porém o investidor precisa analisar vários pontos que podem “mascarar” esse P/L.

  • Os lucros são REAIS? Ou são lucros contábeis, não recorrentes?
  • Como foi a distribuição de dividendos? Foi regular, teve tendência da alta? Qual o Dividend Yield (a ferramenta da ADVFN tem esses dados)?
  • Qual a expectativa da administração sobre os anos futuros? O que disseram no último balanço? O que os relatórios sobre vendas mensais ou os guidances estão dizendo?
  • Se a receita cair, a Empresa terá condições de reduzir os custos para manter a lucratividade?

Encerrando

Enfim, mesmo respondendo a todas as perguntas, não é fácil se decidir por investir.

Mas é importante ter em mente o seguinte. As oportunidades dificilmente aparecem em mercados inflados, com preços muito altos e euforia na economia e na bolsa. Aliás, são os momentos onde mais se perde.

Entrar numa empresa boa depreciada costuma ser um bom caminho para acumular patrimônio. É claro que o risco também está na equação.

A única coisa que o investidor não pode deixar de fazer é investigar, ler, perguntar tudo o que puder sobre a Companhia.

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  • Disclaimer

    Este blog é um ambiente privado para expor opiniões, estudos, reflexões e comentários sobre assuntos ligados a finanças, bolsa de valores, economia, política, música, humor e outros temas.

    Seus objetivos são educacionais ou recreativos, não configurando sob nenhuma hipótese recomendação de investimento.

    O investidor consciente deve tomar decisões com base em suas próprias crenças e premissas. Tudo que lê ou ouve pode ser levado em consideração, mas a decisão de investimento é sempre pessoal. Tanto na escolha de ações para carteira própria, quanto na escolha de gestores profissionais para terceirização da gestão.

    O Autor espera que os temas educacionais do blog possam ajudar no desenvolvimento e no entendimento das nuances do mercado de ações, mas reitera que a responsabilidade pela decisão de investimento é sempre do próprio investidor.

    Sejam bem vindos!

  • Paulo Portinho

    PAULO PORTINHO, engenheiro com mestrado em administração de empresas pela PUC-Rio, é autor do Manual Técnico sobre o Método INI de Investimento em Ações, do livro "O Mercado de Ações em 25 Episódios" e do livro "Quanto Custa Ficar Rico?", os dois últimos pela editora Campus Elsevier.

    Paulo atuou como professor na Pós-graduação de Gestão Social da Universidade Castelo Branco e na Pós-graduação oferecida pela ANBIMA de Capacitação para o Mercado Financeiro.

    Atuou como professor da área de finanças e marketing na Universidade Castelo Branco e no curso de formação de agentes autônomos do SINDICOR.

    Como executivo do Instituto Nacional de Investidores - INI (www.ini.org.br) entre 2003 e 2012, ministrou mais de 500 palestras e cursos sobre o mercado de ações, sendo responsável pelo desenvolvimento do curso sobre o Método INI de Investimento em Ações, conteúdo que havia chegado a mais de 15.000 investidores em todo o país, até o ano de 2012.

    Representou o INI nas reuniões conjuntas de conselho da Federação Mundial de Investidores (www.wfic.org) e da Euroshareholders (www.euroshareholders.org), organizações que congregam quase 1 milhão de investidores em 22 países.

    Atuou como articulista do Informativo do INI, do Blog do INI, da revista Razão de Investir, da revista Investmais, do Jornal Corporativo e do site acionista.com.br. Foi fonte regular para assuntos de educação financeira de veículos como Conta Corrente (Globo News), Infomoney, Programa Sem Censura, Folha de São Paulo, Jornal O Globo, entre outros.

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