Archive for outubro \18\-03:00 2013

Proibição de biografias não autorizadas. Não é censura, é pior…

Posted on 18/10/2013. Filed under: Filosofia, Música, Política |

Prezados, não quero “chover no molhado” e repetir ou refutar os argumentos que já foram apresentados por ambas as partes. Vou opinar sim, mas com outro foco.

O objetivo do lobby dos artistas (alguns), de proibir biografias não autorizadas (ou não remuneradas…), em minha opinião, é um pouco mais do que censura, é querer o monopólio da construção da imagem pública. Imagem essa que foi, é e será a nossa própria história. NOSSA história.

Roberto Carlos não quer que revelem “Deus sabe o quê”, mas usa instrumentos clássicos de relações públicas, assessoria de imprensa, propaganda etc., para construir a imagem que considera “valiosa” para si mesmo (e para o seu bolso).

Há esforço financeiro direto, caríssimo, para construir e manter a imagem dele e de muitos outros artistas. Até microcelebridades contam com assessoria de imprensa paga e ativa.

Para quê?

Ora… para dizer que é uma pessoa boa, que já consegue usar marrom, que está curado do TOC, que todos o amam, que é generoso, que não pinta o cabelo, que não usa silicone, que está solteiro, que é fiel etc.

Você é assim mesmo?

Quando aparece no Fantástico ou no Faustão para que todos digam o quanto você é bom, generoso, brilhante e tudo o que há de mais perfeito, é uma construção direcionada, paga (o horário não é de graça), para que aquela mitologia lhe favoreça.

Se você quer nos fazer crer na sua imensa bondade, o que, lamentavelmente, faz com que as pessoas se sintam muitos “degraus” abaixo do mito, por que a revelação de que renegou sua família, traiu sua mulher, chutou seu cachorro não seria da nossa conta?

Eu sou bom para comprar com base na sua imagem projetada, mas não mereço saber que era uma projeção imprecisa?

Qual a diferença disso para um sistema de propaganda oficial que se esforça para ocultar o feio e mostrar o bonito, MESMO QUE O BONITO NÃO EXISTA?

Eu afirmo sem medo de errar. Qualquer um desses artistas sabe exatamente o que fazer para enaltecer sua própria imagem, criar e alimentar a mitologia em torno do ente público que são.

Se você quer me fazer crer (e QUER!) que é bom, se gasta tempo e dinheiro nessa construção, mas quer o poder de censurar qualquer fato que contradiga o seu próprio sistema de propaganda (que busca também o lado financeiro!), lamento, mas você é a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas in person.

Na prática, você quer (e tem) o direito de propagar ostensivamente “meias-verdades convenientes”, mas quer negar a publicação de “verdades inconvenientes”.

Stálin usava e abusava dessa prerrogativa!

Quer se preservar? Reconheça que isso vai lhe trazer muito menos exposição, muito menos dinheiro e, a depender de seu recolhimento, o ostracismo.

Aos artistas que realmente querem e se esforçam para se preservar, mas têm dificuldade dada a exposição que conseguem por seu excepcional talento, lamento de verdade. Mas nem tudo é como queremos. Todos nos frustramos com opiniões divergentes, seja com 40.000 livros vendidos, seja com 3 milhões de views no facebook ou you tube. E a maioria não têm nem remuneração pela boa imagem.

Agora, Belchior bem que podia dar umas aulas para aqueles que querem REALMENTE sumir da vida pública… rsrsrsrs

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Absurdos Imobiliários: Ipanema e Leblon…

Posted on 16/10/2013. Filed under: Finanças |

Não, não leitor… Esse texto não vai fazer coro com aqueles que praguejam contra os preços inacreditáveis dos dois bairros mais caros do Brasil.

Não é esse o foco.

É só um ensaio para mostrar como a lógica do “morar bem” está subvertida nos dias de hoje, ao menos aqui na Zona Sul do RJ.

Passado e presente “Ipanemense”…

Vale ressaltar que morei quase 30 anos em Ipanema e ainda frequento toda semana o bairro, pois meu pai ainda mora lá.

Não peguei a Ipanema de Tom e Vinícius, como meu pai e meu tio-avô, mas consegui frequentar praias mais limpas, com lotação razoável e seguras para levar crianças (eu mesmo!). Bons tempos.

Quem me conhece sabe que trato aquele região do Rio (Leblon, Ipanema e Lagoa) como United Kingdom of Ipanema. Já dizia que a Praia de Ipanema era a melhor praia urbana do mundo 20 anos antes dela receber esse título. Sempre curti o bairro.

A lógica financeira distorcida…

O que me levou a esse ensaio foi a dúvida de um amigo que ainda mora por lá, num excelente 3 quartos com varanda na Barão da Torre.

Em conversa descompromissada, ele aventou a possibilidade de alugar o apto e pegar um mais barato em Botafogo ou Flamengo.

A minha intuição para inconsistências financeiras disparou na hora!

Sem contar elementos subjetivos, como apego ao lugar, receio de vender algo que não poderá recomprar e outras variações conservadoras, a ideia de alugar em Ipanema para ir para Botafogo é inadequada, financeiramente falando.

Uma “zapeada” mostra que o preço médio (não o preço alucinado de alguns vendedores!) para um apto como o dele gira na faixa de R$ 18.000 a R$ 20.000 o metro quadrado. Isso por ser relativamente novo, prédio recuado, varanda, de frente, localização excelente, garagem boa e fácil de entrar e sair (raríssimo no RJ) etc.

Se ele anunciasse por R$ 2,5 milhões, provavelmente seria vendido rapidamente, dada a quantidade de péssimos aptos disponíveis por preços próximos a esse em Ipanema.

Com esse valor, ele conseguiria comprar um 3 quartos com garagem e varanda em botafogo, flamengo ou laranjeiras, se procurar direito, por algo entre R$ 1,2 e 1,4 milhão. Também tem que procurar direito por lá, pois há vendedores alucinados, à espera de um otá… digo, otimista, em todo o RJ.

Como o apto dele já está todo depreciado, provavelmente teria um imposto de ganho de capital nulo ou muito pequeno.

Pois bem, ele poderia trocar de aptos, mesma qualidade, porém distantes cerca de 4 a 5 km um do outro, com sobra de R$ 1,2 milhão.

Se quiser permanecer no risco imobiliário, poderia colocar a “sobra” em fundos bem diversificados de aluguel corporativo como HGRE11, HGJH11, FFCI11, BRCR11 e vários outros, que hoje pagam incríveis 0,75% ao mês isento de IR. E se o aluguel desses imóveis aumenta, sua rentabilidade aumenta junto!

Well, seria o seguinte:

Trocar um 3 quartos com varanda por outro 3 quartos com varanda da mesma qualidade, porém a 5 Km de distância + R$ 1,2 milhão, que poderiam gerar cerca de R$ 9.000 de renda passiva TAMBÉM exposta ao risco do mercado imobiliário.

Já o aluguel…

Ele disse que havia sondado um corretor e o preço estimado seria de R$ 7,5 mil para alugar o dele em Ipanema e cerca de R$ 4,5 mil a R$ 5 mil para alugar em Botafogo.

Bom, considerando a vacância e o próprio Imposto de Renda da Pessoa Física, é capaz dos R$ 7,5 mil nem serem suficientes, no médio prazo, para cobrir o aluguel em Botafogo.

Mas Ipanema é melhor!

Bom, não vou entrar nesse mérito. A Ipanema da década de 1950 a 80 não é a mesma de hoje. Até 2008-2009 eu batia ponto na praia entre posto 8 e 9, mas as últimas experiências com a praia não foram lá muito animadoras.

Mas se a hipótese era de uma eventual vantagem financeira ao se mudar, pode-se afirmar que não há. Ao contrário, seria um período de destruição significativa de valor (considerando que os investimentos manterão o mesmo risco).

Por que isso acontece?

A resposta matemática é óbvia. O retorno do aluguel em Ipanema é mais baixo do que em Botafogo. Um está na faixa de 0,25% a 0,3% o outro fica entre 0,35% e 0,42%.

Isso porque o processo de compra e venda envolve mais variáveis do que o processo de aluguel. Aluguel é “encaixe” imediato na renda, enquanto comprar e vender envolve taxas de juros, valor de entrada etc.

Um imóvel pode sair de R$ 1,5 milhão para R$ 3 milhões com base na queda dos juros e oferta de crédito, mas para um aluguel ir de R$ 5 mil a R$ 10 mil tem que ter mais famílias com “salários” que comportem o aumento.

Compensa trocar Ipanema por “Botafogo + 50% em dinheiro”?

Há o grupo dos “usuários” de Ipanema.

Esses podem ir á praia em dias de semana, correm todos os dias na orla, frequentam todos os restaurantes de lá, gostam de comprar um bom presunto de Parma (por R$ 350 o Kg) ou um peito de peru Sadia sem casca (por R$ 62,90 o kg) no supermercado Zona Sul, colocam os filhos em creches recheadas de filhos de globais e de executivos bem sucedidos (pagando 40% mais caro que em outros bairros…), passeiam naquelas calçadas superlargas e passam todos os dias na orla para curtir o por do sol.

Para esses, supondo que dinheiro não seja problema, Ipanema realmente é encantadora.

Agora, para quem vai à praia só em finais de semana, malha em academia, vai a bons restaurantes e boates no centro, em Santa Teresa, em Guaratiba, Botafogo, Lapa ou Copacabana, frequenta clubes sociais, passeia na lagoa e no aterro, prefere pegar o carro para fazer compras no Mundial ou Prezunic e economizar 40% do que pagaria em Ipanema, tem casa em Petrópolis, Búzios ou Vassouras, gosta de viajar o mundo etc. Qual o “ganho real” de se morar em Ipanema ou Leblon, que justificaria pagar de 100% a 200% mais caro do que em bairros, às vezes, a apenas 3 Km de distância?

Gosto? Paixão? São motivos válidos, porém, nos dias de hoje, podem ser destruidores de riqueza.

São imóveis com OS MESMOS aparelhos de lazer. Com a mesma comodidade da localização estratégica.

As revelações das garagens abertas de Ipanema…

Há pessoas com renda de R$ 40-50 mil por mês, com um belo Land Rover se esforçando para comprar um apartamento de 75 m2 na Garcia D´ávila?!?!?! Pelo mesmo valor que compraria um de 150 m2 no Flamengo!!!!

Lembro que fui ver um apartamento, em 2002, para comprar na Bulhões de Carvalho, perto da Gomes Carneiro. Medonho e xexelento. Pois não é que hoje esse prédio tem 2 Caminhonetes Volvo estacionados na garagem, além de uma Captiva e uma ASX!

A pergunta mais importante é: Onde é que estacionaram a racionalidade financeira?

Haja Paixão!

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  • Disclaimer

    Este blog é um ambiente privado para expor opiniões, estudos, reflexões e comentários sobre assuntos ligados a finanças, bolsa de valores, economia, política, música, humor e outros temas.

    Seus objetivos são educacionais ou recreativos, não configurando sob nenhuma hipótese recomendação de investimento.

    O investidor consciente deve tomar decisões com base em suas próprias crenças e premissas. Tudo que lê ou ouve pode ser levado em consideração, mas a decisão de investimento é sempre pessoal. Tanto na escolha de ações para carteira própria, quanto na escolha de gestores profissionais para terceirização da gestão.

    O Autor espera que os temas educacionais do blog possam ajudar no desenvolvimento e no entendimento das nuances do mercado de ações, mas reitera que a responsabilidade pela decisão de investimento é sempre do próprio investidor.

    Sejam bem vindos!

  • Paulo Portinho

    PAULO PORTINHO, engenheiro com mestrado em administração de empresas pela PUC-Rio, é autor do Manual Técnico sobre o Método INI de Investimento em Ações, do livro "O Mercado de Ações em 25 Episódios" e do livro "Quanto Custa Ficar Rico?", os dois últimos pela editora Campus Elsevier.

    Paulo atuou como professor na Pós-graduação de Gestão Social da Universidade Castelo Branco e na Pós-graduação oferecida pela ANBIMA de Capacitação para o Mercado Financeiro.

    Atuou como professor da área de finanças e marketing na Universidade Castelo Branco e no curso de formação de agentes autônomos do SINDICOR.

    Como executivo do Instituto Nacional de Investidores - INI (www.ini.org.br) entre 2003 e 2012, ministrou mais de 500 palestras e cursos sobre o mercado de ações, sendo responsável pelo desenvolvimento do curso sobre o Método INI de Investimento em Ações, conteúdo que havia chegado a mais de 15.000 investidores em todo o país, até o ano de 2012.

    Representou o INI nas reuniões conjuntas de conselho da Federação Mundial de Investidores (www.wfic.org) e da Euroshareholders (www.euroshareholders.org), organizações que congregam quase 1 milhão de investidores em 22 países.

    Atuou como articulista do Informativo do INI, do Blog do INI, da revista Razão de Investir, da revista Investmais, do Jornal Corporativo e do site acionista.com.br. Foi fonte regular para assuntos de educação financeira de veículos como Conta Corrente (Globo News), Infomoney, Programa Sem Censura, Folha de São Paulo, Jornal O Globo, entre outros.

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