Archive for julho \25\-03:00 2014
Eleições 2014 e uma Contribuição de Aldous Huxley, direto de 1944!
Caros leitores,
Num entrelaçamento de livros indicados por livros, cheguei, como sempre, ao inacreditável Aldous Huxley. E trago dele uma colaboração para nosso conturbado processo político brasileiro.
Lendo o texto “Mente e Matéria” (1956 – Conferências de Turner) de Erwin Schrondiger (Nobel de Física – 1933), deparei-me com a indicação do livro “A Filosofia Perene”, que o autor considerava traduzir a própria essência de tudo o que pensava ser “revelador” e “renovador”, em termos de filosofia e religião, na sua nova ciência física.
Aliás, pelo que li, parece evidente que muito antes de Fritjof Capra popularizar o “Tao da Física”, isso já era óbvio e bastante aprofundado na mente de Schrodinger (1956) e mais claramente perceptível, no livro de Huxley, de 1944. Notável, pois a liberdade intelectual e filosófica oferecida pela Física Quântica ainda engatinhava, mesmo sua matemática ainda não tinha 25 anos de idade à época.
Mas Huxley é Huxley! Desde prever, em 1932, que a sociedade seria dependente de antidepressivos, até influenciar Jim Morrison, sendo decisivo para o nome de sua banda (The Doors of Perception – 1954), Huxley sempre demonstrou ser um dos intelectuais mais profundos de seu tempo, e, claro, pouco reconhecido, como é próprio de quem é, ao mesmo tempo, profundo e honesto.
Em seu livro “A Filosofia Perene”, Huxley investiga milênios de tradições filosóficas, místicas e religiosas para buscar e documentar seus traços inequivocamente comuns, chamando a isso de filosofia perene.
Pois me deparei com um trecho em que Huxley fala de política. E entendi que é um dilema que estamos vivendo no país hoje.
São palavras sábias, perdidas num livro que nem trata disso, mas que pode ajudar algumas almas a entender a verdadeira natureza da liberdade democrática.
É aceitar que o outro seja forte, entender que quanto mais destruirmos o espírito oposicionista, mais afastados da liberdade e da democracia estaremos.
O mundo e os fatos políticos falam por si, mas leiamos Huxley:
“Nenhum método infalível de controlar as manifestações políticas da volúpia do poder jamais foi concebido.
Já que o poder é, por sua própria essência, indefinidamente expansível, ele não pode ser limitado a não ser ao colidir com outro poder.
Sendo assim, qualquer sociedade que preza a liberdade, no sentido do governo pela lei, em vez de pelo interesse de classe ou decreto pessoal, deve providenciar que o poder dos governantes se divida.
A unidade nacional significa servidão nacional a um único homem e sua oligarquia partidária.
Desunião organizada e equilibrada é a condição necessária da liberdade. A Leal Oposição à Sua Majestade é a mais leal, porque a parte mais autenticamente útil de qualquer comunidade que ama a liberdade.
Além disso, como o apetite pelo poder é puramente mental e, portanto, insaciável e imune à doença e à velhice, nenhuma comunidade que preza a liberdade pode ser dar o luxo de conceder aos governantes longas estadias no poder.”
Aldous Huxley, A Filosofia Perene (págs. 186-187).
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