Red Pill COVID 19: O isolamento vertical
Essa Pandemia trouxe alguns dos piores “calls” da história recente da humanidade.
Gosto de pensar em um call como uma aposta comprada firme. É algo que eu compro e acho que vai dar certo.
Hoje vou falar de um dos mais bizarros, a condenação prévia do isolamento vertical.
Antes de apresentar o debate, vou direto aos números, simulando um hipotético isolamento vertical em SP.
A lógica do isolamento vertical é das mais triviais, tentar isolar de forma mais eficiente os mais vulneráveis. Fazemos até sem sentir. Com o filho mais vulnerável temos mais cuidado, com o idoso mais frágil, o mesmo.
No caso da COVID19, desde o início sabíamos que a mortalidade de idosos era desproporcionalmente mais alta do que em jovens. É até mais desproporcional do que para a gripe comum.
Em SP, com base nos dados de mortalidade da SEADE (https://www.seade.gov.br/coronavirus/), e na pirâmide etária do Brasil (dados mais recentes), a chance de uma pessoa acima de 60 anos ir a óbito é 17 VEZES maior do que para alguém mais novo que isso. Na Europa é ainda muito maior, pois 95% dos óbitos ocorreram com idosos acima de 60 anos.
Se o foco é reduzir o número de óbitos (e de hospitalizações), um grupo com mortalidade tão desproporcional deveria ser mais protegido. É um pouco incompreensível que esse debate tenha sido interditado. Adiante discuto os possíveis motivos (a ciência do Imperial College).
A matemática do isolamento vertical é muito óbvia. Se fizermos um isolamento horizontal para “achatar a curva” o vírus nos pega mais devagar, porém na mesma proporção em que nos “trancamos”.
Qualquer redução bem-sucedida na exposição do grupo com 17 vezes mais chance de óbito, reduz a mortalidade geral. Isso não é nem ciência epidemiológica, é matemática vetorial simples.
O índice de mortalidade geral, calculado pelo CDC americano, está em 0,25%. Só que esse número cru esconde uma matriz de mortalidade (vetor). Vai de 0,01% para determinados grupos até 5% em outros. Isso ficará claro nos números aproximados de SP.
Boa parte da mortalidade excessiva na Europa veio de óbitos em casas de repouso. Se tivessem sido bem-sucedidos em proteger esses idosos que não saem de casa, a COVID19 teria ceifado muito menos vidas. Isso está dando inquéritos por lá, e provavelmente vai ter em NY, que mandou idosos que estavam internados de volta aos asilos para liberar espaço nos hospitais.
Os números de SP.
Tomei como base os dados de mortalidade calculados pelo SEADE e a pirâmide etária brasileira (dados mais recentes).
Assumi algumas premissas:
– O vírus se tornaria endêmico e com mortalidade em linha com outros patógenos após termos 40% da população infectada. Não usei 60-70%, pois estima-se hoje que muita gente já seja imune ao COVID19. Talvez esses 40% estejam superdimensionados, pois temos uma redução muito grande na mortalidade em países já com 10% a 15% de população infectada.
– Adotei um deflator de 20 vezes para ajustar a mortalidade geral de SP, para se adequar à previsão do CDC. Nós medidos 5%, pois fazemos poucos testes e desconsideramos pessoas que pegam, se curam (ou nem sentem) e não geram anticorpos.
Com essas premissas, se o vírus pegar a população exatamente na mesma proporção da distribuição etária, SP poderia atingir cerca de 32.000 óbitos até o vírus atingir 40% da população.
Se conseguíssemos reduzir a exposição dos grupos de risco etário (mais de 60 anos) em 50% e 70%, teríamos uma probabilidade de óbitos muitíssimo menor.
O ideal seria que ninguém morresse jamais, nem idosos nem novos, mas essa opção não está na mesa. Quem faz política pública precisa trabalhar com a realidade para reduzir os danos à população e não com um mundo impossível ou raciocínio motivado.
Importante notar que atingir 40% não significa que o vírus vai embora e nunca mais vai matar. Se tornará endêmico, com mortalidade em linha com o de outros patógenos. Os patógenos do passado continuam todos por aí.
Bom, a matemática é essa e ela reflete uma enorme obviedade, proteger quem tem 17 vezes mais chances de morrer tende a reduzir o número geral de óbitos.
Agora vamos discutir os motivos para essas coisas razoavelmente óbvias não terem sido nem debatidas.
O controle possível da Pandemia
O padrão-ouro de controle de epidemias é achar os doentes e quem teve contato e colocá-los em quarentena. Isso foi impossível na COVID19, por 3 motivos:
– Insuficiência de testes no início.
– Enorme velocidade de propagação.
– Assintomáticos transmitiam.
Se não dá para controlar a doença com o padrão-ouro, passa-se às hipóteses de isolamento social.
O isolamento horizontal pressupõe isolar a todos sem distinção de grupos etários, o isolamento de vulneráveis é tentar fazer com que a imunidade de grupo (que é a única coisa que podemos ter, com ou sem vacina) se forme PRIMEIRO em grupos com sistemas imunológicos mais competentes.
100% dos especialistas fala em imunidade de grupo, seja pelo vírus esgotar as pessoas com sistemas imunológicos susceptíveis (que irão a óbito ou sairão com anticorpos ou alguma estrutura de defesa), seja pela vacina (que não é certa e provavelmente chegará tarde, na Europa nem conseguem testar mais, pela redução enorme no número de infecções).
E para as pessoas que não acreditam que nosso sistema imunológico conseguirá ser eficiente contra o vírus, lembro que isso tornaria muito mais difícil termos uma vacina.
Por que nós não buscamos, primeiro, isolar os mais vulneráveis?
Não sei, mas de início houve a ciência. Aquela que errou todas as previsões.
O Imperial College fez previsões catastróficas para o Brasil. Se fizéssemos isolamento horizontal intensivo, teríamos 44.000 óbitos, com isolamento vertical (idosos), isso iria para 529.000, com isolamento social leve, seriam 627.000 óbitos e sem isolamento, 1,1 milhão de óbitos.
Veja na figura abaixo.
Hoje sabemos que é tudo enorme nonsense, mas à época era “a” ciência, não havia outra aceitável.
Foi um call tão errado, que nós DE FATO fizemos um isolamento meia-boca (que mataria 627 mil pessoas segundo o Imperial), com as comunidades mais pobres (a maioria dos brasileiros) vivendo com razoável normalidade, tivemos índices inferiores a 50% de isolamento na maior parte do tempo e ainda estamos 10 vezes abaixo das previsões.
Nessa thread o biólogo Átila chega a falar em 2,6 milhões de mortos no Brasil até agosto “se nada for feito”:
https://twitter.com/oatila/status/1240156469078691842
Por essa lógica do Imperial, a Suécia, que deixou praticamente tudo aberto, teria cerca de 250.000 mortos (0,25% da população). Tem 5.500. Um erro de quase 98%.
As premissas sem sentido
O modelo básico de previsões de epidemias é o SIR (Susceptíveis – Infectados – Removidos). O número de removidos (que não transmitem o vírus) cresce até um patamar que torna a propagação muito difícil e o vírus vira endêmico. Não desaparece, mas não tem potencial para pegar todo mundo.
Há 3 premissas sem sentido:
– Que podemos ficar totalmente presos até a invenção de uma vacina.
– Que o vírus vai desaparecer para sempre.
– Que a única forma de enfrentar um vírus é se escondendo dele. Não é a única, é uma delas e depende da letalidade e da transmissão.
Alemanha x Turquia / Isolamento horizontal x Isolamento vertical.
Não há saída mágica. Países extremamente bem-sucedidos no controle terão um grupo de removidos muito pequeno, portanto ficarão com muitos susceptíveis e sujeitos a outras ondas.
Aconteceu com Israel, que era um exemplo. Quando abriu, os casos dispararam. A decisão atual é fazer restrições mais brandas. Não há milagre.
A Turquia fez apenas isolamento vertical e tem resultados melhores do que os da Alemanha, mesmo com mais casos.
https://www.bbc.com/news/world-europe-52831017
A Alemanha é considerada um dos melhores casos de controle da Pandemia. A Turquia tem praticamente a mesma população, teve mais casos e muito menos mortes (9.103 Alemanha, 5.260 Turquia). Além disso, a Turquia, como não parou, teve uma alta no PIB do primeiro trimestre de 0,6% enquanto a Alemanha teve uma queda de 2,2%.
https://data.oecd.org/gdp/quarterly-gdp.htm#indicator-chart
É claro que a Turquia ainda tem muito mais casos diários do que a Alemanha e mais óbitos. A Alemanha tem ainda uma média de 500 casos por dia e 13 óbitos. A Turquia tem uma média de 1.400 casos por dia e 21 óbitos (médias de 7 dias). A mortalidade proporcional, percebe-se, é bem menor do que na Alemanha.
https://www.worldometers.info/coronavirus/
Apesar de ainda haver mortalidade pela COVID (o vírus não vai embora, isso continuará, como para todos os outros patógenos, tuberculose e malária matam 500.000 pessoas todo ano cada uma e tem tratamento), esses números não são absurdos. A Turquia tem cerca de 1.400 óbitos por dia (death rate 6 por mil), a COVID está representando cerca de 1,5% do total de óbitos diários.
O mais grave dos erros: Interditar debates.
Esse foi o mais grave dos erros. Por algum motivo que me escapa, resolvemos, em manada, interditar alguns debates. Interditamos a discussão sobre protocolos de tratamento e remédios, interditamos o debate sobre isolamento vertical etc.
E isso tudo com base em algo que a ciência nunca dá: certezas.
O debate saiu do campo da racionalidade técnica, da ciência, da matemática, da lógica aristotélica para uma dialética vazia do bem contra o mal.
É, definitivamente, o mal dos nossos tempos. Transformar debate científico em debate moral.
Disclaimer
Aproveitando essa colocação sobre o debate moral, alerto ao leitor que apenas apresento minhas percepções e uso minha visão sobre o tema. Caso discorde, não há necessidade de se ofender. Caso tenha interesse em mostrar alguma falha no argumento ou erro, sinta-se à vontade.
Isso para mim não é luta do bem contra o mal, é política pública. Não culpo os homens públicos, pois foram surpreendidos com uma ciência de um lado só, alarmista e que errou as principais previsões. Como representam uma nação, é melhor errar feio com base no Imperial College do que peitar e ir adiante.
A Suécia peitou e está sofrendo assédio moral da comunidade científica internacional. Não é uma posição fácil.
Por isso o maior de todos os erros foi o que coloquei, interditar debates científicos com discursos morais, acusações de genocídio, guerras político-ideológicas, desejos pelo fim do capitalismo etc.
Dá nisso, obscurantismo e luta política vazia. E as pessoas sofrem, pois poderíamos ter sido mais eficientes.
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Não existem juros simples. Nem juros compostos. O falso dilema do STF.
O Brasil é um país interessante. Volta e meia temos que reinventar a roda, rediscutir temas já pacificados em todo o mundo.
O caso da ciclovia do RJ é um clássico do retrocesso, do revisionismo intelectual e tecnológico que vivemos. 2 corpos de engenharia, da prefeitura e da Concremat fazem projetos técnicos. O básico inicial e o executivo. E ninguém calcula o impacto de um evento corriqueiro (ondas batendo).
Não é incapacidade de calcular, pois um aluno de engenharia com 1 período de hidrodinâmica calcula isso. É outro nível de incompetência. Seria como um cirurgião esquecer de fechar o paciente.
Isso me lembra uma resenha crítica que escrevi sobre o filme Idiocracy, em 2011. Nos EUA dos anos 2505 não se consegue fazer projetos de engenharia, dada a mediocridade da população. Parece que no Brasil de 2016 também não. Pelo menos chegamos primeiro em algo!
Mas o caso de “revisionismo intelectual” nesse caso é dos estados, superendividados, que querem que os juros acumulados sobre o principal de suas dívidas corram sob o regime de juros simples e não de juros compostos.
Aqui vou deixar claro que não li os contratos para saber se há caminho jurídico, mas entendo que os contratos devam se submeter à lógica financeira e não ser distorcidos por advogados competentes para “encaixar” uma lógica disfuncional e caótica. Potencialmente destruidora.
Num empréstimo há: Taxa, periodicidade e maturidade.
Qual é a taxa do empréstimo? 10%? Errado! Tem que ter a periodicidade. É 10% ao ano, 15% ao ano, 12% ao ano com pagamento de juros semestral e assim vai.
Nos EUA, quando falamos em 12% ao ano, capitalizados mensalmente, significa que teremos 1/12 avos dessa taxa aplicados ao mês. Seria 1% ao mês.
A taxa SELIC, ou o CDI, costumam ter cálculo diário, mas são explicitadas em termos anuais (14,25% e 14,13% respectivamente).
Não existem juros simples ou compostos, essa nomenclatura é apenas um indicativo de como se procedem os cálculos, mas, na prática, o que existe é a taxa e a periodicidade, além do regime de pagamento ou acúmulo dos juros no saldo devedor.
10% ao ano, empréstimo de 1.000.000, período de 10 anos.
É pacífico que, ao final do primeiro ano, o saldo devedor estará em 1.100.000. A taxa de 10% ao ano, do ano 2, incidirá sobre 1.000.000 ou 1.100.000?
Se incidir sobre 1.000.000 o que acontecerá com os outros 100.000 devidos?
Não haverá incidência de juros sobre eles? Por quê? Qual a justificativa para que esses 100.000 não se submetam aos juros do empréstimo? Qual a cláusula contratual que cria um montante da dívida sobre o qual não correm juros? Há alguma dúvida de que os 100.000 são devidos?
O período é anual, o montante devido é 1.100.000. Qual a fundamentação matemática para que a taxa anual do segundo ano não seja aplicada sobre os 100.000 de juros do primeiro ano?
Pode até haver fundamentação jurídica, seria um estupro à matemática financeira, mas no Brasil a lógica parece render-se ao casuísmo.
Se a taxa fosse de 100% em 10 anos, não haveria dúvida de que o montante devido seria de 2.000.000 em 10 anos, sem capitalizações parciais.
Não há juros compostos ou juros simples, são ferramentas matemáticas apenas, usadas para agilizar os cálculos a depender das condições contratuais. O que há são as condições do contrato de empréstimo. É taxa anual? É capitalizada mensalmente? Acaba em 10 anos? O devedor pagará os juros intermediários ou acumulará até o final dos 10 anos?
A prova da bobagem
Imagine um mundo onde fosse possível captar (tomar empréstimo) a 12% ao ano e investir a 12% ao ano.
R$ 1.000.000, taxa de 12% ao ano, maturidade em 11 anos.
Imagine que seja possível pagar o saldo devedor somente ao final, a juros simples.
O tomador (devedor) pega, então, os R$ 1.000.000 e investe a 12% ao ano, com maturidade de 1 ano. Os R$ 1.120.000 do primeiro ano, ele retira ao final do contrato e reinveste a 12% ao ano. Assim sucessivamente até o 11º ano.
Em 11 anos, o devedor vai pagar, a juros simples, R$ 2.320.000 (R$ 1.000.000 + 11 x R$ 120.000) .
Porém, ao reinvestir a 12% ao ano, com maturidade de 1 ano, TAMBÉM POR JUROS SIMPLES (pois reaplicará o ganho mais o principal), por 11 anos seguidos, ele terá R$ 3.478.550, o que lhe daria um lucro de R$ 1.158.550.
O que o impediria de fazer isso?
Por que juros “simples” de 12% ao ano com maturidade de 1 ano, reinvestidos por 11 anos seguidos, dariam um retorno muito maior do que juros “simples” de 12% ao ano acumulados por 11 anos seguidos?
Aí o leitor pode pensar: – Ah, mas o primeiro está a juros simples, o segundo a juros compostos! Esse é o meu ponto. Não há juros simples ou compostos, apenas as cláusulas contratuais. Nada me impediria de retirar meu dinheiro ao final do primeiro ano reaplicar aos mesmos 12%. Isso transformaria “juros simples” em “juros compostos”, o que demonstra que esses conceitos não dizem respeito aos juros em si, mas ao tipo de contrato.
Ainda que os juros de curto prazo sejam menores, sempre haverá um horizonte suficientemente longo para que haja lucro na operação, com risco zero.
E nem é verdade que SEMPRE as taxas de juros de curto prazo serão menores do que as de longo prazo. Em pleno ano de 2016 os juros para 2019 no Tesouro Direto (12,6% ao ano) são menores do que os de curtíssimo prazo (14,25% ao ano).
Que me desculpem os senhores governadores, os senhores advogados, mas devedor que quer corrigir seus saldos devedores a juros simples e aceita se capitalizar a juros compostos não age de boa-fé. Não vai ser assim que vão sair do buraco.
Escrevo com absoluta certeza de que o STF vai negar o pleito dos governadores. Não faz qualquer sentido. Se aprovarem, preparem-se. Nenhum contrato estará a salvo no Brasil.
E tudo por um revisionismo conceitual, intelectual e tecnológico. E casuístico.
Ler Post Completo | Make a Comment ( 8 so far )Eleições 2014 e uma Contribuição de Aldous Huxley, direto de 1944!
Caros leitores,
Num entrelaçamento de livros indicados por livros, cheguei, como sempre, ao inacreditável Aldous Huxley. E trago dele uma colaboração para nosso conturbado processo político brasileiro.
Lendo o texto “Mente e Matéria” (1956 – Conferências de Turner) de Erwin Schrondiger (Nobel de Física – 1933), deparei-me com a indicação do livro “A Filosofia Perene”, que o autor considerava traduzir a própria essência de tudo o que pensava ser “revelador” e “renovador”, em termos de filosofia e religião, na sua nova ciência física.
Aliás, pelo que li, parece evidente que muito antes de Fritjof Capra popularizar o “Tao da Física”, isso já era óbvio e bastante aprofundado na mente de Schrodinger (1956) e mais claramente perceptível, no livro de Huxley, de 1944. Notável, pois a liberdade intelectual e filosófica oferecida pela Física Quântica ainda engatinhava, mesmo sua matemática ainda não tinha 25 anos de idade à época.
Mas Huxley é Huxley! Desde prever, em 1932, que a sociedade seria dependente de antidepressivos, até influenciar Jim Morrison, sendo decisivo para o nome de sua banda (The Doors of Perception – 1954), Huxley sempre demonstrou ser um dos intelectuais mais profundos de seu tempo, e, claro, pouco reconhecido, como é próprio de quem é, ao mesmo tempo, profundo e honesto.
Em seu livro “A Filosofia Perene”, Huxley investiga milênios de tradições filosóficas, místicas e religiosas para buscar e documentar seus traços inequivocamente comuns, chamando a isso de filosofia perene.
Pois me deparei com um trecho em que Huxley fala de política. E entendi que é um dilema que estamos vivendo no país hoje.
São palavras sábias, perdidas num livro que nem trata disso, mas que pode ajudar algumas almas a entender a verdadeira natureza da liberdade democrática.
É aceitar que o outro seja forte, entender que quanto mais destruirmos o espírito oposicionista, mais afastados da liberdade e da democracia estaremos.
O mundo e os fatos políticos falam por si, mas leiamos Huxley:
“Nenhum método infalível de controlar as manifestações políticas da volúpia do poder jamais foi concebido.
Já que o poder é, por sua própria essência, indefinidamente expansível, ele não pode ser limitado a não ser ao colidir com outro poder.
Sendo assim, qualquer sociedade que preza a liberdade, no sentido do governo pela lei, em vez de pelo interesse de classe ou decreto pessoal, deve providenciar que o poder dos governantes se divida.
A unidade nacional significa servidão nacional a um único homem e sua oligarquia partidária.
Desunião organizada e equilibrada é a condição necessária da liberdade. A Leal Oposição à Sua Majestade é a mais leal, porque a parte mais autenticamente útil de qualquer comunidade que ama a liberdade.
Além disso, como o apetite pelo poder é puramente mental e, portanto, insaciável e imune à doença e à velhice, nenhuma comunidade que preza a liberdade pode ser dar o luxo de conceder aos governantes longas estadias no poder.”
Aldous Huxley, A Filosofia Perene (págs. 186-187).
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