Archive for maio \13\-03:00 2011
Forja Taurus – Reestruturação Acionária
Nobres leitores e cotistas do Clube Stratocaster,
A Forja Taurus, empresa que está em nossa carteira, indicou que fará uma ampla reestruturação acionária, envolvendo incorporação da Polimetal, mudança de nível de governança etc.
Vejam o link com o PPT:
http://taurus.joomla.comunique-se.com.br/images/PDF/reestruturacao_societaria.pdf
Vejam o fato relevante:
http://www.taurusri.com.br/images/PDF/fato_relevante_10-05-2011.pdf
Tenho muito contato com gente que investe em Taurus há longos anos e, na visão deles, o problema maior da companhia é de governança, o que impediria a valorização das ações e iniciativas para aumentar capital, OPA e outras visando crescimento.
Outro ponto terrível é a baixíssima liquidez, que também decorre dessas questões de governança.
Incorporação da Polimetal
Infelizmente, com os dados que tenho e com a disponibilidade de tempo, não é possível avaliar se a incorporação se dará por valor justo OU se o majoritário terá ganhos excessivos.
Mas alguns pontos são importantes:
- A operação foi aprovada exclusivamente pelos minoritários. Esses minoritários são grandes investidores e, naturalmente, fizeram a conta para ver a pertinência do negócio.
- A empresa vai dar direito de voto restrito aos acionistas PN, assim como tag along de 100%.
Pelo que pude entender (pode haver imprecisões), o acionista controlador (Polimetal) aceitou uma redução na sua participação, para que essa empresa pudesse ser incorporada pela Taurus, naturalmente assumindo eventuais ônus, dívidas etc.
Com a reestruturação e pelas relações de troca, cada acionista PN da Taurus vai ter, para cada 1.000 ações, 162 ações ON e 726 PN (888 no total).
Não dá para afirmar que foi uma “perda” de 12%, pois dependerá dos resultados futuros da nova estrutura.
Uma coisa, infelizmente, é certa. Os números da empresa, em termos de endividamento, pioraram bastante.
Cabe agora, caso aprovada a reestruturação, aos não-controladores mais influentes uma condução da empresa para um futuro aumento de capital, que possa garantir os recursos para investimento e reduzir a dívida.
A barreira de controle, ao que parece, está sendo demolida.
Ler Post Completo | Make a Comment ( 12 so far )Memórias da crise de 2008: Irracionalidade no Mercado
Reproduzo a seguir um artigo que escrevi no auge da crise de 2008. A leitura traz importantes indicadores para medir a “irracionalidade” do mercado, em alguns momentos. Vale também como relato histórico:
COMPRAR UMA EMPRESA PELO VALOR QUE ELA TEM EM CAIXA? EM OUTUBRO DE 2008 ISSO FOI POSSÍVEL.
O mês de outubro de 2008 foi um dos piores de todos os tempos para a bolsa brasileira. As quedas de ações, motivadas pelo pânico mundial, pela enorme crise de crédito e pelo receio da exposição de companhias brasileiras aos derivativos cambiais, fizeram com que empresas tradicionais fossem negociadas a múltiplos que há muito não se tinha notícia. O presente artigo vai explorar algumas curiosidades derivadas desse tsunami vendedor que assolou as bolsas mundiais.
Imagine o seguinte:
Você quer comprar uma empresa no setor têxtil. Daí recebe em mãos a análise de uma companhia, com os seguintes dados referentes a 31/10/2008:
- Ativo circulante AC – R$ 1.807 milhões em ativos circulantes (caixa ou conversíveis em caixa em até 1 ano)
- Passivo circulante PC – R$ 689 milhões em passivos circulantes (a pagar em até 1 ano)
- Patrimônio Líquido: R$ 1.468 milhões
- Capital de giro líquido R$ 1.118 milhões (AC menos PC)
- Vendas R$ 3.359 milhões acumulado até o 2T08
- Resultado Acumulado Prejuízo de R$ 150 milhões de reais.
- PREÇO DE MERCADO em 31/10/2008: R$ 378 milhões
Daí você pensa: Eu posso comprar essa empresa, pagar com o capital de giro, e ainda vai sobrar R$ 740 milhões OU eu posso comprar essa empresa e encerrar seu negócio, recebo tudo o que tem a receber, pago todos os compromissos e liquido os ativos, sobrará quase R$ 1,1 bilhão (patrimônio líquido menos o valor de mercado).
Agora está imaginando: Isso existe? Se existir deve ser alguma empresa bem desconhecida.
Bom, os números acima se referem à conhecidíssima Coteminas. E, realmente, parecem não fazer muito sentido.
Mesmo a empresa de petróleo OGX, que ao abrir capital parecia ter múltiplos fora da órbita racional, em outubro de 2008, com a grande depreciação dos meses anteriores, encontrava-se em situação bem mais confortável. Vejam:
OGX Petróleo
- Capital de Giro Líquido: R$ 6,7 bilhões
- Patrimônio Líquido: 8,8 bilhões, sendo 2 bilhões em ativos intangíveis (direitos de exploração)
- Preço de mercado (31/10/2008): R$ 8,88 bilhões
- Isso significa comprar a empresa pelo valor que ela captou mais o valor das concessões.
Outro exemplo é a empresa de energia do mesmo grupo. Vejam:
MPX Energia
- Capital de Giro Líquido: R$ 1,56 bilhão
- Patrimônio Líquido: 2,0 bilhões
- Preço de mercado (31/10/2008): R$ 799 milhões
Outro exemplo de empresa conhecida, com bons resultados e com histórico sólido é a Sul América seguros. Vejam:
Sul América
- Capital de Giro Líquido: R$ 1,7 bilhão
- Patrimônio Líquido: 2,15 bilhões
- Preço de mercado (31/10/2008): R$ 1,5 bilhão
Outros exemplos:
Usiminas
- Capital de Giro Líquido: R$ 6,5 bilhões
- Patrimônio Líquido: 14,4 bilhões
- Preço de mercado (31/10/2008): R$ 13,5 bilhões
Guararapes
- Capital de Giro Líquido: R$ 475 mi
- Patrimônio Líquido: 1,34 bi
- Preço de mercado (31/10/2008): R$ 950 mi
Gerdau Metalúrgica
- Capital de Giro Líquido: R$ 8,3 bi
- Patrimônio Líquido: 5,28 bi
- Preço de mercado (31/10/2008): R$ 7,84 bi
Fertilizantes Heringer
- Capital de Giro Líquido: R$ 270 mi
- Patrimônio Líquido: 589 mi
- Preço de mercado (31/10/2008): R$ 224 mi
Forjas Taurus
- Capital de Giro Líquido: R$ 208 mi
- Patrimônio Líquido: 334 mi
- Preço de mercado (31/10/2008): R$ 326 mi
Indústrias ROMI
- Capital de Giro Líquido: R$ 480 mi
- Patrimônio Líquido: 687 mi
- Preço de mercado (31/10/2008): R$ 518 mi
Marcopolo
- Capital de Giro Líquido: R$ 648 mi
- Patrimônio Líquido: 674 mi
- Preço de mercado (31/10/2008): R$ 792 mi
É importante notar que não se está tratando de lucros, perspectivas para o negócio, crise, mercados etc. É só um cálculo indicando que, em alguns casos, uma empresa poderia ser comprada por menos do que o seu capital de giro e/ou seu patrimônio líquido, ao final de outubro de 2008.
Lembremos que a bolsa ainda atingiu patamares 20% menores na segunda, dia 27/10/2008. Se tivéssemos feito essas avaliações utilizando o valor de mercado daquele dia, provavelmente os valores seriam ainda mais disparatados.
A avaliação acima dá conta de que muitas empresas brasileiras estão sendo vendidas por seu valor patrimonial, sem qualquer prêmio.
Encontrar empresas nessa situação não significa encontrar barganhas, pois o que conta para o pequeno investidor e para muitos analistas é fluxo de lucros e fluxo de dividendos (valuation). Significa apenas que o mercado não está calibrando com precisão suas análises. Os movimentos tendem a ser mais guiados pelo pânico, pelo short selling e pela especulação do que pela lógica dos balanços.
Em informativos passados já havíamos tratado das relações entre os múltiplos P/L e os retornos com dividendos. Agora, fica claro que, seja nos resultados das companhias, seja em suas contas patrimoniais há um bom número de empresas subavaliadas. Bear market é isso. Mesmo o que está subavaliado, não tem qualquer garantia de que vá se apreciar.
Enquanto isso, vamos conhecendo outras formas de avaliar a situação financeira e patrimonial de uma empresa. São importantes balizadores para uma tomada de decisão mais consciente.
Mas não custa torcer para o vendaval passar!
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