Archive for agosto \26\-03:00 2013
Os Médicos Cubanos e uma Demonstração Matemática…
Amigos… como sabem, detesto usar meu blog para tratar de temas polêmicos que não dizem respeito a finanças, poupança, liberdade etc.
Mas esse caso dos médicos cubanos não está sendo tratado da forma adequada, ou, ao menos, os argumentos, tanto contra quanto a favor não dão conta dos verdadeiros motivos para isso ser reprovável.
Demonstração matemática…
Evidentemente não se trata de demonstração numérica, mas de lógica matemática trivial. Teoria Geral dos Conjuntos, poderia se dizer.
Essa “importação” tem ferido os sentimentos de muitas pessoas e, a maior parte, tem dificuldade para verbalizar o que a ofende.
Talvez não fira adoradores da ditadura Castrista ou seguidores da tal “teoria crítica”, que rejeitam a lógica e a razão, por considerá-las instrumentos de dominação capitalista.
Estão rindo?, pois leiam vocês mesmos:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Escola_de_Frankfurt
Ficariam assustados, meus amigos, com a quantidade gigantesca de professores brasileiros que consideram Newton-Descartes uma ameaça capitalista ou imperialista. Até considero Newton-Descartes uma ameaça, mas filosófica, nunca capitalista.
À demonstração, pois!
Vamos fazer um exercício simples.
Peguemos funcionários públicos brasileiros. Digamos, auditores da Receita, analistas do BC ou da CVM, juízes federais ou promotores.
O governo brasileiro faz um acordo com um país africano (hipotético) extremamente carente, recém saído de guerra civil, que não tem instituições formadas. Carece de mercado de capitais, de um sistema de impostos, de magistratura etc.
Não há qualquer dúvida do humanismo na intenção de ajudar.
Abramos as vagas para aqueles servidores públicos, assim:
- Salário equivalente a R$ 50 mil por mês será pago em petróleo, pedras preciosas e dinheiro, diretamente ao governo brasileiro.
- O candidato receberia cerca de R$ 2.000 em dinheiro local.
- O candidato teria que ficar em alojamentos providenciados pelas cidades do interior do país que o recebe, comer o que lhes servirem e habitar nas condições que a região puder oferecer.
- Ficará de 2 a 3 anos longe de sua família (que não poderá ir).
- Não receberá qualquer direito trabalhista.
- Terá monitoramento de agentes do governo para não desertar e cumprir o contrato até o fim.
Imaginaram?
Respondam, quantos candidatos teríamos?
Eu não tenho qualquer dificuldade para dizer: ZERO.
E se…
Numa propaganda ufanista, o governo indicasse que a receita prevista com a “exportação” de quadros qualificados iria atingir R$ 20 bilhões por ano, o que seria imprescindível para manter projetos sociais aqui no Brasil.
E… OBRIGASSE o funcionário a ir, sob pena de exoneração por insubordinação.
Uau! Imaginem?
10.000 brasileiros enviados contra sua vontade a países estrangeiros!
Você seria a favor?
Ah… mas não sou funcionário público…
Se você pensou isso e é a favor, imagine a mesma cena com engenheiros, petroleiros, pedreiros etc.
Já acontece com petroleiros e outras categorias, mas pergunte quanto ganham a mais para sair do Brasil. Ficariam espantados leitores…
Você seria a favor, pergunto novamente?
Já até vejo algumas pessoas argumentando que os cubanos QUEREM vir e que vão ganhar mais do que lá!!!!!!
Olha, pra você que pensou assim, lamento informar que não poderá ser contra empregar bolivianos ou haitianos em confecções clandestinas.
Não poderá, pois eles CERTAMENTE vieram ao Brasil procurando condições melhores, e, pasmem, as condições de quase escravidão por aqui, não são piores do que o que eles encontram de opção em seu país.
Diga-se de passagem, eles vêm, em sua maioria, por que querem, e, mesmo nessas confecções clandestinas ganham muito mais do que em seu país.
Matematicamente não é possível apoiar o governo brasileiro e descer o sarrafo na Le Lis Blanc…
Ah, mas um é medicina o outro é roupa…
Ué, então vamos chamar os bolivianos e haitianos para trabalhar de graça na Fiocruz, produzindo vacinas? Há um monte de quadros de apoio que poderiam ser preenchidos por eles, mesmo sem qualificação.
Pode?
Síndrome de Estocolmo
Cuba é um grande experimento de sequestro coletivo. Mesmo os adoradores não podem negar que é proibido sair da ilha. Não faz muito tempo cubanos pegos em balsas em direção à Miami foram fuzilados.
Fuzilados com apoio do Brasil, diga-se de passagem:
Não importa o que há e o que não há lá dentro da Ilha, se não existe direito de sair, é sequestro.
Imagine-se em qualquer situação em que você não pode sair mesmo que queira MUITO.
Não estou falando de situações dúbias, tipo amor bandido ou emprego nocivo, estou falando de clareza: QUERO SAIR.
Pois bem, infelizmente, após tantos anos, é razoável crer na existência de condições para o desenvolvimento da síndrome de Estocolmo, vejam uma breve descrição:
“As vítimas começam por identificar-se emocionalmente com os sequestradores, a princípio como mecanismo de defesa, por medo de retaliação e/ou violência. Pequenos gestos gentis por parte dos raptores são frequentemente amplificados porque, do ponto de vista do refém é muito difícil, senão impossível, ter uma visão clara da realidade nessas circunstâncias e conseguir mensurar o perigo real. As tentativas de libertação, são, por esse motivo, vistas como uma ameaça, porque o refém pode correr o risco de ser magoado. É importante notar que os sintomas são consequência de um stress físico e emocional extremo. O complexo e dúbio comportamento de afetividade e ódio simultâneo junto aos raptores é considerado uma estratégia de sobrevivência por parte das vítimas.”
Lamentando pelo Brasil…
Lamento que em agosto de 2013 o Brasil ainda tenha que discutir esse tipo de problema.
Se deixássemos de planejar trens-bala, de fazer super-estádios, de construir refinarias que custam 30 vezes mais e nunca ficam prontas, sobraria dinheiro para que os Estados possam ter planos de carreira coerentes para profissionais de saúde.
Meu sogro precisa de uma cirurgia de artrose. Está há 3 anos na fila na CIDADE DO RIO DE JANEIRO.
Não consigo entender porque precisamos esperar médicos cubanos para resolver isso…
Ler Post Completo | Make a Comment ( 21 so far )