Ao contrário do que algumas seitas políticas pregam, não há conceito de liberdade possível fora do direito à propriedade privada.
Organizações humanos só florescem com base nesse princípio, por isso as tiranias são radicalmente contrárias ou buscam relativizar esse direito, sempre de acordo com a visão do déspota da vez.
Reflitamos ao som de Beto Guedes. Uma ode à liberdade e ao conceito mais básico de propriedade.
Que tal ver Marilena Chauí enfrentando princípios básicos de finanças? Chega a ser engraçado.
Toda a verborragia ideológica não dura 3 minutos diante de conhecimentos triviais sobre financiamento, propriedade e renda.
É assustador que um discurso tão frágil, arcaico e errado consiga repercutir em tantas mentes jovens. Vamos compartilhar e tentar fazer o iluminismo, o século das luzes, chegar a esses meninos e meninas.
Precisei comprar um cabo de força de 3 metros para meu amplificado e PÁ!!!! Descobri que padronizaram os tamanhos, agora só há uma “necessidade” aceitável: 1,46 metro.
Então é isso. O fabricante ou importador não podem mais se guiar pela demanda de mercado. Dane-se a demanda. Ela está errada. Quer 3 metros? Exagero. Quer 5 metros? Ostentação! Metro e meio é suficiente para tudo.
Aí a gente empobrece e dizem que a culpa é do capitalismo, do liberalismo. Brincadeira!
Por que nossa gasolina é “batizada” com álcool anidro?
Você verá de tudo na internet, mas o motivo REAL é um só: dar ao governo poder de influir diretamente na economia, de influir nos preços e da apoiar empresários do setor.
Se você tem dúvida, veja o que diz o Decreto-Lei 737, de 1938, que regulamentou essa proibição:
“CONSIDERANDO que a produção de gasolina no país, presentemente em escala diminuta, tenderá a desenvolver-se sob o amparo das medidas consubstanciadas nos Decretos-leis ns. 395, de 29 de abril de 1938, e 538, de 7 de julho de 1938, que declararam de utilidade pública o abastecimento nacional de petróleo, nacionalizaram a indústria da refinação do petróleo bruto e criaram o Conselho Nacional do Petróleo;
CONSIDERANDO que a este orgão incumbe a execução de todas as disposições legais e regulamentares relativas ao abastecimento nacional do petróleo, inclusive decidir da natureza e qualidade dos produtos de refinação, e julgar da conveniência da adição de alcool anidro nos vários casos;
CONSIDERANDO, finalmente, a imperiosa necessidade de proteger o desenvolver a indústria de fabricação do alcool anidro, não só para debelar as crises de superprodução da indústria açucareira, restabelecendo o equilíbrio entre a produção e o consumo, mas, igualmente para diminuir a importação de carburante estrangeiro;”
Não há dúvida dos motivos de antes. Não há dúvida dos motivos de hoje.
Eu e meu Toyota…
Depois do nascimento do meu segundo filho, resolvi voltar a ter carro no Rio de Janeiro. E comprei um carro à gasolina apenas, um Toyota Fielder.
Quando foi comprado, o teor da gasolina no álcool era de 18%. O carro fazia, no computador de bordo, excelentes 11,5 Km/L em uso misto (cidade e estrada).
E o governo começou a mexer no percentual…
Ao final, pouco antes de vender o carro, já estávamos em 27% de álcool na gasolina. Meu carro não fazia mais que 9 Km/L e já tinha levado ao mecânico 2 vezes em menos de um ano para fazer limpeza de bico.
Comprei outro carro à gasolina, e hoje só abasteço com gasolina Premium, aqui no RJ a R$ 5,299 o litro.
Mas isso, pelo que entendi nos fóruns de internet, é problema de muitos donos de carros à gasolina, principalmente os mais antigos. É isso mesmo, chevettes e fuscas precisam de gasolina Premium!!!
Governo forte, cidadão fraco
Ainda que existam motivos técnicos para misturar álcool à gasolina, e existem, é inacreditável que milhões de cidadãos estejam na dependência do interesse de alguns poucos usineiros. Ou à mercê de interesses políticos inconfessáveis.
Essas legislações dão superpoderes ao Estado brasileiro. Ele tem poder de autorizar ou negar receitas de bilhões de reais a uma determinada indústria. Tem poder de regular a produção de açúcar e de álcool. Tem poder de criar dificuldades e vender facilidades.
E, claro, ao usar esse poder de forma contrária ao cidadão, o Estado desgasta a poupança e os recursos de milhões de proprietários de veículos, em nome de uma “sabedoria” estatal.
Tem gente que adora isso, mas não há nada mais concentrador de renda. É dinheiro do pobre e da classe média direto na veia do empresário bajulador e bem relacionado. Bumlai era usineiro. É só concentração de poder. É só desvio de finalidade.
É só o que se observa em governos hipertrofiados.
Quem perde é o cidadão. Quem perde é o Brasil.
E quem ganha?
Ninguém, pois a indústria sucro-alcooleira, entra ano e sai ano, está de novo de pires na mão pedindo socorro ao governo, renegociação de dívidas, mais subsídios, menos concorrência etc.
Aliás, quem ganha é a pobreza e a incompetência. É o moto-perpétuo da nossa miséria.
Porfiria não é uma pessoa, é uma doença genética rara, bastante agressiva, que pode paralisar os músculos e levar à morte.
As pessoas que têm a forma mais grave da doença precisam de um remédio produzido na França, caríssimo (hematina). Esse remédio poderia ser usado para controlar crises severas (devastadoras), mas custa cerca de R$ 100 mil por crise. Ver reportagem do JN aqui.
A falta de liberdade para empreender
Há pouquíssimas pessoas que precisariam dessa medicação, mas ainda assim, segundo a ANVISA, uma empresa pediu para fazer a importação e comercialização desse remédio no Brasil.
Mesmo com pouco mercado, o laboratório resolveu empreender, assumir os riscos, a regulação dura, controles de preços etc., e investir para oferecer o produto a quem precisa (inclusive para o Estado).
A ANVISA negou, pois a norma brasileira só permite a importação em casos excepcionais, por requisição de hospitais ou por prescrição médica.
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Mas não será SEMPRE excepcional, requerido por hospitais onde o paciente está internado ou por prescrição médica, que o remédio será usado?
As pessoas não conseguem comprar e, mesmo que consigam o direito de importar, pelo custo, certamente só o fariam durante uma crise. Imagine a angústia…
Os Estados, que perdem ações na justiça e são obrigados a comprar, também não conseguem comprar.
E, com certeza, pelas dificuldades enfrentadas todos pagam mais caro.
Não seria melhor se fosse vendido aqui mesmo?
O normativo brasileiro
Não são todas, mas as normas brasileiras costumam engessar o livre empreendimento. Impõem custos desnecessários. São contrárias à livre iniciativa.
Quando o governo tem o direito de permitir ou não algum serviço ou produto, parece que ficamos 20 ou 30 anos atrasados em relação aos países desenvolvidos.
Foi assim com a lei de reserva de informática. Todos tinham computadores bons, menos nós.
É assim com a obrigação de manter orelhões (custo pesado às Teles), mesmo havendo quase 300 milhões de linhas móveis no Brasil.
Faltam normas pró-mercado, que ajudem a livre iniciativa.
Aqui no Brasil a impressão é que, de início, é proibido empreender. Todo o normativo é feito para enquadrar o livre empreendedor em alguma transgressão e proibi-lo de atuar.
Depois de proibir, um dia, quem sabe, daqui a 10 anos, o Estado possa estudar a liberação. Devagar.
O que estamos vivendo com o Uber e os Táxis é bem isso.
Nem o taxista que paga diária e se diz explorado, quer largar seu patrão e sair em busca de empreender por conta própria.
Até nessa falta de iniciativa tem a influência do Estado, pois o taxista deve saber que, cedo ou tarde, o Leviatã brasileiro vai dar um jeito de sufocar a livre iniciativa. Seja com um batalhão de regras anticoncorrenciais, seja com normas sem sentido, seja com proibição pura e simples.
A corrida não é pela livre iniciativa, não é pelo século XXI, não é pela riqueza, não é pela liberdade. É pelo fim do Uber. É pelo monopólio estatal que vai dizer quando (e se) o brasileiro vai poder usar um produto que revoluciona o serviço de transporte.
Voltando à Porfiria
O normativo do Estado faz o quê: Prejudica os pacientes, prejudica a indústria brasileira, prejudica o comércio brasileiro, prejudica os médicos e hospitais e prejudica até o próprio Estado e seus entes, que pagam mais caro e não conseguem cumprir nem ordens judiciais.
A que serve o normativo? Exclusivamente para deixar o poder na mão do Estado. Poder é dinheiro. Negar é dinheiro. Liberar é dinheiro.
Deixar a livre iniciativa funcionar é dinheiro, muito dinheiro, mas nas mãos do mercado, dos empresários e dos trabalhadores.
O político brasileiro não suporta ver as coisas funcionarem sem poder tirar uma casquinha, seja em espécie, seja em propaganda pessoal.
O cara inventa o Uber e revoluciona o mundo, mas o político que libera o serviço é que é o “grande empreendedor”, aquele a quem, pobres brasileiros, devemos reverenciar.
Vergonha!
Fiquemos animado!
Sim!!! Essa situação sugere que uma reforma pró-mercado nas normas brasileiras, talvez com um modelo Federal servindo de base aos outros entes federativos, faria os nós se desatariam por si mesmos. E rapidíssimo.
Normas pró-mercado mudam o mundo corporativo em meses.
Até na União Soviética pós-revolução houve afrouxamento no controle estatal, e floresceu uma burguesia firme e produtiva, sob Lênin. A nova política econômica – NEP.
Depois Stálin mandou matar todo mundo.
Tem gente que não acredita em livre iniciativa. Acredita no Estado ditando as regras econômicas.
Está aí o resultado. Brasilzão 60.000 homicídios por ano! Com leis vigentes que proíbem o cavalo das carruagens de fazer cocô na rua.
Espero que os “estatólatras” não precisem pegar um táxi com 2 crianças em dia de chuva. Ou que não tenham alguma doença “protegida pelo Estado”.
Esse senhor do vídeo, Bohn Gass (pum cheiroso em alemão), está preocupado com o fim do conteúdo nacional, pois até a marmita será estrangeira.
Apesar de ser careca, barbudo e articulado, o que, aliado ao sotaque sulista é quase uma garantia de conteúdo, o youtubber não tem a mais remota noção da realidade.
Não me importaria em rebater, se imposturas como essa não influenciassem tantas pessoas. Influenciam.
Vamos, humildemente, demonstrar as aberrações intelectuais de Herr Bohn Gass.
Brevemente!!!
“Os golpistas querem tirar o pré-sal da Petrobras”.
Errado! O pré-sal não é da Petrobras, é da União. A única parte do pré-sal licitada recentemente foi arrematada por um consórcio do qual a Petrobras tem apenas 40%. Nem da área licitada a Petrobras é dona.
“Estudos sérios dizem que podemos chegar a 200 bilhões de barris no pré-sal, o que daria US$ 10 trilhões de dólares”.
É encantador.
A Petrobras tinha reservas provadas de 16 bilhões de barris em 2012. Em 2016 (em janeiro, ainda não tinha dado tempo de o Serra doar as reservas para a Chevron) as reservas tinham caído para 13 bilhões de barris. Dados da própria Petrobras (última planilha, barris equivalentes):
Outra coisa ma-ra-vi-lho-sa é fazer a conta de receita sem considerar custos. A Petrobras hoje perde dinheiro na extração. Se realmente tivesse 200 bilhões de barris e começasse a produzir TUDO de uma vez só, o preço do petróleo iria a 5 dólares. Produzir sem demanda, oferta sem demanda… preço baixo.
Mesmo assim, e o custo? Não conta? Sai de graça o petróleo de lá?
“Lula e Dilma fizeram um projeto (partilha) para garantir emprego no Brasil, tecnologia brasileira, ajudar a indústria nacional e garantir recursos para programas sociais”.
Esse vídeo é recente. É até difícil saber a que planeta, ou a que época, Herr Bohn Gass pertence.
Garantir emprego no Brasil?
A indústria do petróleo demitiu mais de 150.000 pessoas em 2 anos. Os maiores salários do Brasil. Beiramos 12 milhões de desempregados.
Garantir tecnologia brasileira?
Temos a impressão de que a “tecnologia é brasileira”. Não é. É mundial e está a serviço de quem pagar. A lista de fornecedores de tecnologia da Petrobras é majoritariamente de estrangeiros.
Mas a Petrobras já mandou tudo para o exterior. As gestões anteriores pegaram dinheiro emprestado na China. E o chinês exigiu “conteúdo chinês”. Olha que coisa! Isso na gestão de Aldemir Bendine e Graça Foster.
Não foi a Chevron. Não foram os Rotschild. Nem os Rockfeller. Nem o FBI. Nem a CIA. A culpa é do FHC.
Apoiar a indústria nacional?
A Odebrecht agradece. A Andrade Gutierrez agradece. A Queiróz Galvão agradece. A Sete Brasil agradece. Vou parar por aqui ou a CIA vai acabar me lendo.
Garantir recursos para programas sociais?
Bom, com rombo de R$ 140 bi em 2015, expectativa de rombos de R$ 170 bi em 2016 e R$ 139 bi em 2017, temos é que torcer para que exista ainda algum Estado Brasileiro após esse período.
Se isso tudo foi um projeto de Lula e Dilma (e foi), tenho dificuldade de lembrar de fracasso tão avassalador. Acho que é a maior experiência de perda de dinheiro da história do planeta.
Parabéns! Querem acabar com o capitalismo queimando todo o dinheiro dos investidores!
“Michel Temer retirou a urgência dos projetos de combate à corrupção enviados por Dilma”
Pois é. Agora foi a Dilma que propôs as 10 medidas contra a corrupção, não foi iniciativa dos procuradores da República que integram a força-tarefa da Operação Lava Jato, endossada pela Procuradoria-Geral da República. E que obteve cerca de 2 milhões de assinaturas!
Esse pessoal rouba tudo mesmo.
“Quem vai se dar bem com a mudança do sistema de partilha é a Chevron, a Exxon, a Shell, a BP, as grandes empresas de petróleo”.
Essas empresas operam no mundo inteiro. Pagando muitíssimo menos em royalties e impostos do que pagam no Brasil. Será que elas exploram os EUA, a Noruega, o Canadá, a Escócia etc.? Sério? Mesmo o americano pagando metade do que pagamos pelo combustível?
Que exploração é essa que, para produzir no Brasil, paga royalties, participações, bônus da assinatura, uma tonelada de impostos, e despeja tudo no bolso do consumidor brasileiro?
Ah, essa exploração eu conheço. E o explorador começa com a letra “Estado” e termina com a letra “Mais Estado”.
“Se a Chevron e as outras vencerem, o emprego vai para fora do Brasil”.
Bom, só se levarem o pré-sal embora. Na verdade o emprego vai embora se elas forem embora.
E é o que está acontecendo. Bye-bye emprego. A Chevron, a Exxon, a Shell, a BP vão levar seus investimentos para outro lugar. E gerar empregos por lá.
Herr Bohn Gass não gosta de empresa estrangeira. Herr Bohn Gass gosta é de Tudobras S.A..
“Se tirar o conteúdo nacional, desde a marmita, que é o alimento do trabalhador, até a plataforma, vão para fora do Brasil, transferindo renda para o exterior”.
É realmente um problema grave. Conteúdo nacional na marmita. Seria garantia de haver feijão? Ou legumes de assentamentos do MST?
Será que seremos obrigados a comer chucrute? Ou cachorro, se a marmita for chinesa?
Jesus Cristo amado, o que é isso?
Tô rindo tanto que nem consigo tratar dos impropérios do final do vídeo…
Alguns leitores não conseguem “ver” a tal explosão da bolha imobiliária. Nem sempre é fácil ver, pois em alguns lugares ela nunca vai estourar e às vezes a expectativa do efeito da “explosão” está superdimensionada.
Aqui no RJ há imóveis sendo vendidos (preço pedido) pelo mesmo valor de 2012. Sei disso, pois vendi um em 2012 e, no mesmo prédio e há outro (melhor que o meu) pelo mesmo valor que pedi.
Há um prédio com infra aqui no Catete que os preços estão batendo os pedidos em 2013.
Mas há gente pedindo 20%, 30% mais caro.
Um preço estagnado por 3 anos, já é uma perda de uns 23% com a inflação passada.
Mas vai explodir MESMO?
Olha… Imagino que a expectativa de destruição de valor, cair, por exemplo, ao preço de 2009 (ou 2007), AINDA não é razoável.
Durante a crise imobiliária no exterior a expectativa de comprar imóveis 30% mais baratos em Manhattan ou no centro de Londres e Paris não se verificou.
Lugar desejado, com poucas ofertas de imóveis, dificilmente “derretem”. Mas Ipanema não é Manhattan. Já caiu bastante.
Já em áreas não tão procuradas, com excesso de imóveis, é possível uma queda forte. Imóvel comercial em área de pouco interessante, infelizmente pode significar vários anos de prejuízo.
As construtoras resistem em baixar os preços. Há empreendimentos na Península, condomínio de luxo na Barra, lançados, com imóveis prontos, e 90% vazios. Alguns nem conseguiram fechar o lançamento. E não baixam os preços.
A irracionalidade e dois exemplos de estouro.
Uma senhorinha, dona de vários imóveis comerciais no Leblon, resolveu, há uns 2 anos, subir significativamente o aluguel das lojas e não aceitar oferta.
Muito rica, preferia deixar os imóveis vazios. Atrapalhou bastante o bairro, mas continuam lá, vazios.
Em Ipanema, num dos principais pontos comerciais, desalojaram uma padaria famosa, pedindo 150% mais pelo aluguel. Está vazia há 2 anos, pelo menos.
Não há como exigir do miúdo, da pessoa física, racionalidade comercial pura. Às vezes o tino comercial perde para a teimosia.
Mas fundos de investimento imobiliário não podem se dar ao luxo da irracionalidade.
Isso porque as cotas são negociadas em bolsa. Se o gestor não trabalhar corretamente o preço cai e ele pode ser destituído em Assembleia.
Edifício Galeria – Rua do Ouvidor – Retrofit – Centro do RJ.
Antigo prédio da Sulamérica, um dos pontos mais nobres do centro do RJ, prédio todo reformado, alto luxo.
São cerca de 25.000 metros quadrados (incluindo lojas sofisticadas no Mall do térreo).
Foi lançado em 31.10.2012 por R$ 381 milhões (colocação das cotas de fundo, todas vendidas). Isso dava R$ 15 mil por M2, o que era normal para imóveis desse nível.
O imóvel estava pronto, mas sem inquilinos. O fundo pagaria 9% ao ano, por 12 meses (pagamento mensal de 0,75%), até conseguir alugar as lojas.
Em março de 2016 o “valor justo” deste imóvel estava em R$ 339 milhões. Valor justo é calculado por especialistas, e informado nos documentos do fundo.
Mas o valor de mercado tinha batido R$ 155 milhões (R$ 6 mil o metro quadrado) em final de fevereiro de 2016. Hoje está em cerca de R$ 230 milhões (R$ 9 mil o metro quadrado).
Se descontarmos a inflação, a queda chegou a quase 70% do valor de lançamento (pouco antes de março de 2016) e hoje estaria em cerca de 50% de perda. Para quem comprou a perda não é tão grande, pois recebeu aluguéis.
Senhores, é IMPOSSÍVEL comprar um imóvel comercial físico, real, de 30 metros quadrados em prédio novo, área nobre do centro do RJ, por R$ 180.000.
Mas não para quem comprou o FII EDGA11B no final de fevereiro.
Mas vamos piorar um pouco. O EDGA não é o pior exemplo.
Shopping Sulacap – Zona Oeste do RJ
Shopping novo, inaugurado no final de 2013. Não vingou ainda, muitas lojas satélite vazias. Resultado operacional baixo (cerca de R$ 0,20 de aluguel por cota).
O fundo foi vendido por R$ 108 milhões no lançamento, correspondendo a 44% de um empreendimento com 29 mil metros quadrados (cerca de 12,6 mil metros quadrados para o empreendimento). Lançado, portanto, a R$ 8,5 mil o m2.
Mais ou menos na mesma época da queda do fundo galeria (turbulências econômicas e políticas) esse fundo chegou a ser negociado a menos de R$ 33 milhões (R$ 30 por cota), o que daria impressionantes R$ 2.600 por metro quadrado. Em um shopping novo. Hoje está na faixa de R$ 40 milhões.
Se formos descontar a inflação, chegaríamos fácil a algo como 75% de perda.
A perda para quem recebeu os aluguéis é menor (a General Shopping pagará quase 3% ao mês até 10 de outubro de 2016).
Agora, imagina que não fosse um fundo. Uma pessoa comprou uma lojinha de 50 metros por R$ 425.000 lá no lançamento. Tente convencê-la a vender hoje por R$ 150.000 (R$ 3.000 o metro quadrado).
Ela vai fazer as contas e pedir R$ 600.000. E não vai vender. Talvez nunca.
Estourou amigos. Em ambientes onde a racionalidade impera, é devastador o estouro.
No residencial, a irracionalidade impera.
O derretimento dos alugueis no RJ eu vejo no dia a dia. Muitos colegas que trabalham comigo vieram de outras cidades para o RJ em 2012 buscando imóveis próximos ao centro. Imóveis péssimos, caindo aos pedaços, na zona sul, 2 quartos, sem garagem, 60-80 metros quadrados, preço mínimo 2.250, 2.500.
Exatamente o mesmo preço que se paga hoje, até dá para pagar menos. Em termos reais, descontando a inflação, teríamos uma perda superior a 30%.
Já em imóveis de alto padrão, alguns aluguéis caíram 50%, 60% NOMINAIS, com a saída em massa dos estrangeiros do petróleo.
Imóvel comercial é até difícil alugar a preço “zero”, pois os condomínios são caríssimos. Ficam fechados dando prejuízo mesmo.
Mas ninguém vende. Só vende barato, ou a preço justo, quem precisa.
Brasileiro é de tijolo. Mesmo quem tem 10, 15 imóveis, ganhando 0,2%-0,25% ao mês, NÃO VENDE.
É o benefício da iliquidez. A pessoa tem medo de ser perdulária com dinheiro, que é muito líquido, e está na mão.
É claro que se a situação do Brasil piorar, se houver demissão de servidores do estado aqui no RJ (que seguram bastante o preço dos imóveis, pois tem renda mais alta e estabilidade), não seria impossível um derretimento ainda maior. Com uma grande quantidade de pessoas tentando vender para se manter.
No fundo será sempre oferta e demanda. Se houver muita oferta e pouca demanda, é derretimento.
Calculando o preço justo dos imóveis
Quando comprar? Por qual preço comprar?
Essas questões são, antes de tudo, matemáticas. Depois a gente tempera com interesse pessoal.
Há uns 6 anos lancei uma planilha que ajuda a calcular o valor justo dos imóveis. Ela me permitiu ver que os imóveis estavam sendo negociados a preço justo em 2010, mas já estavam bem salgados em 2012. E ainda mais em 2014-2015.
Dois parênteses, peço desculpas pela propaganda do livro, mas a planilha foi lançada por ocasião de seu lançamento, então há menções. A planilha é complexa, precisa habilitar o uso de macros, pois ela funciona por iteração.
Vamos calcular o preço justo daqueles imóveis que foram alugados em 2012 e tem quase o mesmo aluguel hoje. Essa É a realidade da zona sul do Rio. Vivo isso diariamente, pois meus colegas estão se mudando para aptos melhores ou renegociando para baixo.
Brasil de 2012 – Premissas.
Aluguel – R$ 2.250
Taxa SELIC – Entre 9,75% e 7,25%
% de financiamento a pegar – 50%
Taxa do financiamento – 9% ao ano
Remuneração líquida dos ativos (fundos DI) – 9% ao ano
Percentual esperado de valorização do imóvel – 7% ao ano
A premissa de 7% ao ano de crescimento do valor do imóvel é um pouco alta, pois o razoável é estimar entre 0,5% e 1% acima da inflação esperada. Mas em 2012 todo mundo achava que os imóveis iriam subir 10%-15% ao ano.
O preço JUSTO desse imóvel seria R$ 677 mil.
É claro que se você for otimista e achar que o imóvel subirá 10% ao ano, acabará pagando bem caro por isso. O preço justo iria para R$ 1.148.000.
Aliás, muitas das compras “caras”, foram com base nesse pensamento. Se não comprar agora, não comprarei mais, pois o imóvel vai dobrar de valor em 3 anos.
Brasil de 2016 – Premissas.
Aluguel – R$ 2.500
Taxa SELIC – 14,25%
% de financiamento a pegar – 50%
Taxa do financiamento – 11% ao ano
Remuneração líquida dos ativos (fundos DI) – 11% ao ano
Percentual esperado de valorização do imóvel – 7% ao ano
Mantive a premissa de 7% de valorização (otimista demais) e subi um pouco o aluguel.
O preço JUSTO desse imóvel seria R$ 408 mil.
Considerações sobre o preço justo
Justo aqui é “FINANCEIRAMENTE justo”. Pagar o aluguel (que consideramos que vai subir exatamente como o preço do imóvel) ou comprar o imóvel por R$ 408 mil seria indiferente, em termos de fluxo financeiro.
Não batam na planilha. She´s only the Messenger. Only the piano player.
Por que o imóvel continua valendo R$ 700 mil e não cai?
Ora, o fetiche da iliquidez. Prefiro ter um imóvel de 700 mil rendendo 0,25% ao mês do que correr o risco de vendê-lo, ter uma renda de 0,9% ao mês, mas cair na tentação de gastar “um pouquinho a mais”.
Com o aluguel você não tem chance. É aquilo que você tem para gastar e pronto. Mas com o dinheiro na mão…
Sempre vale colocar um exemplo, né?
Que tal morar no Recreio, perto da praia, numa cobertura linear com churrasqueira, 180 metros quadrados, por R$ 2.000 ao mês?
O mais legal é que o sujeito quer R$ 1.250.000 no imóvel, que ele mesmo pede R$ 2.000 no aluguel (menos de 0,2% de retorno).
O amor pela iliquidez e o medo de fazer bobagem com dinheiro nas mãos leva as pessoas a cometerem verdadeiras atrocidades financeiras!!!!
Esperei bastante, mas infelizmente não consegui ler nenhuma interpretação razoável, ou minimamente coerente, sobre o inacreditável fenômeno dos juros negativos (em países ricos e confiáveis). Acho que ninguém está interessado em revelar as contradições da relação entre o sistema financeiro e os orçamentos públicos.
É tudo tratado como se fosse uma trivialidade, mas não é. Parece non sense uma pessoa investir 1.000 euros para retirar 995 euros após 10 anos, mas não é. Parece inofensivo, mas não é. Parece que será rápido e indolor, mas não será.
Parece o fim do capitalismo, mas é exatamente o contrário.
Ao leitor que não acompanha de perto as finanças internacionais, é isso mesmo que leu. Investir 1.000 euros para retirar 995 euros em 10 anos. Os títulos do governo alemão pagam juros negativos. E são títulos longos. Se segurar por 10 anos, vai perder.
Comecemos pelo fim. Pelo diagnóstico.
Qualquer que seja o caminho de análise uma coisa é certa: há dinheiro demais no mundo. Quando digo dinheiro, quero falar de ativos ultralíquidos, caixa ou equivalente. Não estou falando de patrimônio em ações, em limitadas, em imóveis ou outro ativo físico. É grana. É pila.
Parece bom, poderíamos resolver os problemas do mundo, mas é bem ruim e não, não poderíamos resolver os problemas do mundo. Vai ficar claro adiante.
Taxa de juros é preço do dinheiro.
Se são negativas (preço muito baixo), é porque há bem mais oferta do que demanda por dinheiro. Gente demais querendo emprestar, gente de menos querendo tomar. O tomador de crédito NÃO QUER aquele dinheiro. A única forma de ele externar isso é não remunerando os recursos que recebe, ou exigindo que alguém PAGUE para que ele aceite receber dinheiro.
Isso é uma gigantesca disfunção do sistema financeiro.
A persistir, o sistema de aposentadorias não funcionará mais. Nunca mais.
Um indivíduo que investe R$ 10.000 por ano a uma taxa de 2% ao ano, chegaria a R$ 500.000 em 35 anos (tempo de aposentadoria). Se a taxa fosse negativa (-2%) ao ano, não chegaria nunca a R$ 500 mil. Em 100 anos de indivíduo teria investido R$ 1.000.000 e seu saldo seria de R$ 433 mil.
Os valores são exagerados (os juros não são tão negativos), mas a lógica é válida.
Parte da culpa é do medo da catástrofe financeira
A última estimativa que li, do JP Morgan, indicava haver US$ 6 trilhões investidos em taxas negativas ou bem próximas de zero.
Ao que parece, a mão invisível está no bolso. E não sai de lá.
Na crise das pontocom, início dos anos 2000, houve brutal destruição de valor. Cerca de 4.000 empresas da NASDAQ deixaram de existir. Só o Yahoo fez a bolsa eletrônica perder US$ 90 bi de valor de mercado dos ativos listados.
Isso é capitalismo puro, na veia. Risco privado sofrendo severamente quando age por imprudência, imperícia e vaidade. As empresas sumiram, pois aquela riqueza não existia. O dinheiro sumiu.
Em 2008…
Ah, 2008…
Foi o inverso. Provavelmente foi o momento mais anticapitalista de história da economia moderna.
Tudo que aprendemos sobre livre mercado, baixa intervenção estatal, moral hazard (risco moral), agency costs (conflito de agência), mão invisível, destruição criativa etc., foi jogado no lixo. Por medo. Pavor, diga-se, de ruptura do sistema financeiro.
Será?
Jeremy Irons e o monte de lixo tóxico
Jeremy Irons é o dono de um banco no filme Margin Call (2011). Diante da equipe ele repete o diagnóstico: – Estamos sentados no maior monte de lixo da história do capitalismo. Amanhã vocês vão ligar para todos os seus clientes, parentes, amigos, até para a sua mãe, e vão vender tudo.
A crise de 2008 revelou que o mundo tinha alguns trilhões de dólares em papéis podres.
O que é isso?
Ora, se o banco emprestou US$ 500 mil para o sujeito comprar uma casa, o banco tem os recebíveis do tomador do empréstimo e a casa para retomar, se ele falhar. O tomador falhou com os pagamentos e a casa valia apenas US$ 100 mil. E ainda assim não tinha comprador.
Então é isso. Os bancos e algumas agências governamentais tinham emprestado trilhões. E isso não valia nada.
O que os governos fizeram?
Com medo de uma ruptura drástica, em que bancos grandes CERTAMENTE quebrariam, promovendo um colapso no sistema financeiro, “deram liquidez” para o lixo.
É mais ou menos o seguinte. Você tem um papel que ninguém quer. O governo compra de você por um preço MUITO acima do que valeria no mercado.
Um nome bonitinho, “quantitative easying”, que significou alguns trilhões de dólares dos ORÇAMENTOS PÚBLICOS para dar liquidez a lixo.
Olha uma coisa bem inútil na sua casa. Um carrinho de bebê velho. O governo compra pelo preço de um novo. Você venderia?
Quantitative easying significa “dinheiro correndo frouxo”. Grande parte é dinheiro público. A única fonte de recursos que havia sobrado, em 2008, eram os orçamentos dos países.
Trilhões que não deveriam existir
Qual é o propósito do dinheiro, da instituição “dinheiro”?
É circular. Para circular, ele precisa ser atraente. Para o comerciante que quer vender seu produto, para o produtor rural que quer financiamento, para o empresário que quer ampliar etc.
Aos que pensam, até aqui, que bastaria “pulverizar” esse dinheiro na África ou no América Latina, é importante esclarecer que dinheiro não existe como entidade absoluta. Dinheiro é entidade relativa. Ele faz sentido “em relação” ao que pode comprar ou produzir, não faz sentido absoluto. Nem é real, são só bits e bytes ao redor dos computadores do mundo.
O fluxo dele precisa fazer sentido, se o dinheiro perder o sentido, ele não valerá nada.
Antes de concluir, falemos da China
A China, em meu modesto entendimento, é o motivo subjacente que permitiu esse momento único da história das finanças mundiais.
Há um non sense nas finanças chinesas que, de certa forma, deixa a noção de dinheiro meio perdida.
É um país importante na economia mundial. Talvez o mais importante, em termos de “troca” de mercadorias e “posse” de recursos financeiros líquidos no mundo. Uma irracionalidade duradoura por lá, vai ter impacto em todos os países.
Na década de 1980 o Japão vivia momento semelhante. Sua moeda era artificialmente barata, de forma que seus produtos vendiam como água.
As gestões do governo americano e da comunidade internacional fizeram o Japão liberar o câmbio (quase isso), fazendo com que os japoneses enriquecessem em 5-6 anos. Enriquecessem MUITO. Foi a época em que apartamentos de 2 quartos em Tóquio valiam US$ 2 milhões. Em dinheiro da época.
Gerou uma bolha danada, que estourou em 1989 e durante a década seguinte, mas continuaram ricos. Racionalmente ricos.
A China resiste. Artificialmente ela mantém seus superávits de dólares. Acumula dólares. Não tem o que fazer com esses dólares. Algo próximo a US$ 3,2 trilhões. Vai fazer o quê com isso?
Moeda NÃO EXISTE em termos absolutos.
Moeda é relação. Não dá pra usar de forma irracional. Se fizer, vai destruir valor.
A China faz o quê? Cidades para 1 milhão de pessoas. Todas vazias. Produz aço para projetos que não tem qualquer sentido econômico.
Ou seja, lembra o Richard Pryor no filme “Chuva de Milhões” precisando gastar US$ 30 milhões em 30 dias (para herdar US$ 300 milhões). Isso em 1985. Sem comprar bens! Tinha que GASTAR! Não dá. Fazer o dinheiro sumir. Não dá. É muito difícil.
Quem me lê deve pensar que é mole gastar. Se você receber US$ 10 milhões, vai torrar com facilidade. Mas se é um hedge fund com US$ 1 trilhão, com deveres fiduciários com seus clientes, NÃO vai e não pode torrar.
A beleza do capitalismo
Estou me lixando para as ideologias. Gosto do fato. Gosto da evidência científica. Gosto de análise ética e honesta.
Ao contrário das ideologias dirigistas, que vão até o limite da inteligência de um grupelho de burocratas tarados, o Capitalismo é um sistema maior e mais inteligente do que as nações e seus dirigentes. Mais inteligente do que os banqueiros e do que os financistas. Ele é o caminho escolhido naturalmente, desde o início da sociedade contratual (início da linguagem escrita). Ele é o mercado em que todas as trocas de interesses acontecem.
A resposta natural que o capitalismo está dando a essa disfunção é: JURO NEGATIVO. Dinheiro demais, vamos resolver isso fazendo você PERDER dinheiro.
O interessante é que, dessa vez, quem vai perder mais é quem tem estoque de capital. Não é o pobre e o desvalido. O pobre ou a classe média podem até se beneficiar, pois o dinheiro barato vai acabar gerando negócios que não existiriam em um mundo de juros positivos. Ainda que estejam fadados à destruição de valor.
Foi o que ocorreu no Brasil. O setor de Petróleo empregava gente com exigência de segundo grau e curso técnico de apenas 6 meses, por R$ 8 mil por mês, o mesmo que um gerente de empresa média, com pós-graduação em finanças.
Acabou a bonança do setor, o salário caiu 4 vezes.
Aos que pensam: Ora, por que não investir esse dinheiro na economia, na produção, nas start ups?
Ora queridos! Porque essa cumbuquinha tá cheia.
Se o inventor do Uber conseguiu fazer o que fez com financiamento de US$ 50 milhões, porque pegaria US$ 1 bilhão? Seja em ações ou dívida? Seria estupidez, seria reduzir sua rentabilidade por vontade própria. Quem pega mais do que precisa é porque tem um projeto péssimo. E projeto péssimo é destruição de valor. Mais rápida que o juro zero.
Se você levar a irracionalidade, o “quantitative easying”, para a bolsa e para o setor produtivo, imobiliário, ou qualquer outro da economia real, vai gerar outras bolhas. E os ativos REAIS já estão caríssimos.
O sujeito prefere perder 0,15% ao ano em títulos alemães, do que se arriscar a perder 50% investindo no Linkedin, Google, Exxon, imóveis etc.
Não dá para fugir. Há uma disfunção. Há dinheiro demais.
E os países pobres?
Aqui acho que fica a lição mais importante desse artigo.
Dinheiro não é “realidade” material e objetiva, dinheiro é fluxo, dinheiro é circulação, dinheiro é meio.
Esse dinheiro “salvaria” nações pobres? Será?
Peguemos a Petrobras. Em 2007 chegou a valor US$ 300 bilhões. Recebeu uma capitalização na faixa de US$ 50 bi em 2010. Entre 2007 e 2016 investiu cerca de US$ 400 bilhões (refinarias, novos poços). Valeria então US$ 750 bilhões? NÃO!
Hoje vale US$ 35 bilhões e produz o mesmo que em 2010.
O dinheiro foi usado. Resolveu alguma coisa? O orçamento brasileiro está “garantido” com os bilhões investidos? O povo se beneficiou em quê? A educação, saúde, emprego e segurança estão garantidos?
Em apenas um exemplo vimos que não é difícil fazer US$ 700 bi evaporarem.
As dívidas de Oi, Gol, Usiminas, General Shopping e outras tantas valem 50% do valor de face. Às vezes 20%. Dados públicos, basta olhar na bloomberg.
Dá pra destruir dinheiro, é fácil. Mas isso não ajuda pobre. Não ajuda país pobre.
A África tem (quase) tudo para receber investimentos. Tem povo sedento por bens de consumo, por emprego, por segurança. Tem terra. Tem riquezas naturais. Tem tudo ainda por construir. Casas, fábricas, rodovias etc.
Tenho certeza de que o dinheiro sonha em ir para um ambiente tão promissor.
Mas sabe o que falta?
Incentivo à livre iniciativa. Capitalismo. Mão invisível. Liberdade econômica. Economia de mercado. Respeito a contratos. Respeito à propriedade privada. Países onde essas coisas não existem odeiam dinheiro.
De que adiante haver trilhões de dólares loucos por boas oportunidades de investimento se os governantes desses países NÃO querem esse dinheiro.
O dinheiro só vai para lá se puder voltar. As regras mudam todos os dias. Há corrupção generalizada. Há ainda resquícios de guerras e grupos como o Boko Haram. Você constrói uma ferrovia, e morre de medo do governo mudar as tarifas de uma hora para outra. Morre de medo de tomarem a concessão (vi isso in loco com uma empresa brasileira).
A quem, efetivamente, você daria o dinheiro? A grupos realmente empreendedores ou a grupos ligados aos governos locais?
Investidor só entende como interesse genuíno aquele que multiplicará seu dinheiro.
Não é interesse genuíno enriquecer ainda mais oligarquias tirânicas ou grupos de interesse que não tem qualquer compromisso com a economia de seu país.
Quer dinheiro para investir? Tá sobrando. Mas ele não vai para onde é detestado e maltratado. Dinheiro não troca de mãos se o contrato é maroto.
Acreditem. Se despejássemos alguns trilhões em 10 anos nos países pobres, geraríamos a maior concentração de riqueza de história. E o povo continuaria paupérrimo.
Dei o exemplo da Petrobras. Só uma empresa. Dá pra destruir fácil, fácil. Somos mais pobres hoje do que quando começamos a surfar na ilusão do petróleo. E muito mais endividados, pois foi dívida pública que gerou essas distorções e a ilusão de prosperidade. Vendemos 20 anos do nosso futuro, para viver 5 anos de gala.
A solução?
Ou a bola murcha devagar, está cheíssima, ou explode.
Evitamos a explosão destroçando orçamentos públicos, que não estão sentindo muito, pois os juros estão baixos, então é barato se financiar.
Mas esses orçamentos NÃO estão mais disponíveis.
As quebradeiras no mercado de crédito podem ajudar a reduzir essa abundância de dinheiro. Algumas dívidas soberanas (Venezuela por exemplo) desaparecerão, e também vão ajudar. A Grécia é um super exemplo, sua dívida, impagável, imputou perdas de dezenas de bilhões ao sistema.
Não sei se dá tempo, ou quanto tempo levaria para que o estoque de “cash” se normalize.
Se fosse possível fazer o dinheiro DESAPARECER, mas veja, não é trocar de mãos, é ir para o espaço sideral, sem uso, os juros subiriam, a demanda por dinheiro seria grande, as moedas fortes ficariam mais fortes e países pobres se fartariam de ganhar dinheiro (quanto mais capitalistas forem, se forem socialistas vão sofrer absurdamente), pois ficariam baratos.
A maioria dos países é CREDOR em moeda forte. Até o Brasil. É diferente da época em que a dívida externa massacrava os países periféricos.
O ideal seria que países bem pobres tivessem um surto de livre iniciativa, redução das barreiras comerciais, privatização, fim da corrupção etc., o dinheiro fluiria para lá e a bola ficaria menos cheia. Talvez até voltasse ao equilíbrio virtuoso de longo prazo.
Este blog é um ambiente privado para expor opiniões, estudos, reflexões e comentários sobre assuntos ligados a finanças, bolsa de valores, economia, política, música, humor e outros temas.
Seus objetivos são educacionais ou recreativos, não configurando sob nenhuma hipótese recomendação de investimento.
O investidor consciente deve tomar decisões com base em suas próprias crenças e premissas. Tudo que lê ou ouve pode ser levado em consideração, mas a decisão de investimento é sempre pessoal. Tanto na escolha de ações para carteira própria, quanto na escolha de gestores profissionais para terceirização da gestão.
O Autor espera que os temas educacionais do blog possam ajudar no desenvolvimento e no entendimento das nuances do mercado de ações, mas reitera que a responsabilidade pela decisão de investimento é sempre do próprio investidor.
Sejam bem vindos!
Paulo Portinho
PAULO PORTINHO, engenheiro com mestrado em administração de empresas pela PUC-Rio, é autor do Manual Técnico sobre o Método INI de Investimento em Ações, do livro "O Mercado de Ações em 25 Episódios" e do livro "Quanto Custa Ficar Rico?", os dois últimos pela editora Campus Elsevier.
Paulo atuou como professor na Pós-graduação de Gestão Social da Universidade Castelo Branco e na Pós-graduação oferecida pela ANBIMA de Capacitação para o Mercado Financeiro.
Atuou como professor da área de finanças e marketing na Universidade Castelo Branco e no curso de formação de agentes autônomos do SINDICOR.
Como executivo do Instituto Nacional de Investidores - INI (www.ini.org.br) entre 2003 e 2012, ministrou mais de 500 palestras e cursos sobre o mercado de ações, sendo responsável pelo desenvolvimento do curso sobre o Método INI de Investimento em Ações, conteúdo que havia chegado a mais de 15.000 investidores em todo o país, até o ano de 2012.
Representou o INI nas reuniões conjuntas de conselho da Federação Mundial de Investidores (www.wfic.org) e da Euroshareholders (www.euroshareholders.org), organizações que congregam quase 1 milhão de investidores em 22 países.
Atuou como articulista do Informativo do INI, do Blog do INI, da revista Razão de Investir, da revista Investmais, do Jornal Corporativo e do site acionista.com.br. Foi fonte regular para assuntos de educação financeira de veículos como Conta Corrente (Globo News), Infomoney, Programa Sem Censura, Folha de São Paulo, Jornal O Globo, entre outros.
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