Archive for janeiro \28\-03:00 2008
Société Genérale
Na semana passada o banco Société Genérale afirmou ter descoberto uma fraude de quase 5 bi de euros. Um cara, SOZINHO, teria falseado informações e transações na ordem de 50 bi de euros.
É uma história um tanto estranha. Lembro que comentei com alguns amigos que a história parece cortina de fumaça, para reduzir as responsabilidades dos diretores por uma gestão ruim.
A primeira coisa a pensar era que as perdas com subprime foram muito maiores do que eles gostariam de divulgar e aproveitaram alguma chicana contábil para apontar outro culpado pelo péssimo balanço.
Não tenho detalhes da operação, mas parece que descobriram que um diretor torrou 80 milhões de dólares em ações antes da divulgação do prejuízo gigante.
Picaretaço!!!
Acho que o sistema bancário internacional vai precisar de uma reformulação. Talvez o acordo da Basiléia precise rever os riscos dos bancos. Aqui no Brasil, tudo está ok, mas o pessoal perdeu a mão lá fora. Perdeu (meteu) a mão MESMO.
A impressão que dá é que temos várias Enrons e Worldcoms espalhadas no setor financeiro evitando revelar seus balanços podres.
Bom, estão pagando caro.
O citi vale metade do que já valeu. O banco francês está no menor valor desde 2004. A credibilidade dos caras está quase igual a dos políticos. A situação é deplorável mesmo.
Daqui a pouco o Bradesco vai acabar comprando o Citi. Em 10 anos, quem sabe…
É um dos momentos mais lamentáveis da história do setor financeiro nos EUA e na Europa.
Vou dar uma idéia do problema para quem não está muito familiarizado com o setor:
Pense comigo:
- Você tem 50.000 reais que estão aplicados na poupança. Daí você empresta para um fulano A, a uma taxa de juros de 30% ao ano.
Isso seria ótimo se o fulano fosse bom pagador, não é.
Daí você registraria no seu patrimônio os 50.000 emprestado + os juros.
Se o fulano quebrasse ou fosse um péssimo pagador, o que aconteceria? Bom, é melhor colocar a prejuízo, retirar esses 50.000 do patrimônio, pois não deverá vê-los mais.
É igual.
Igualzinho, porém com uma sutil diferença.
Eles SABIAM que o fulano A era de altíssimo risco.
Os bancos emprestaram para quem não tinha dinheiro, SABENDO que eles não tinham dinheiro, SABENDO que se os juros subissem o nível de inadimplência iria explodir e SABENDO que os preços dos imóveis estavam subindo de forma fabricada.
Mas, pelo jeito, quem vai em cana mesmo é o garoto que trocou as pernas no mercado de opções.
Vejam na reportagem abaixo:
Acusado de fraude bilionária admite ter escondido transações
Operador nega enriquecimento e diz ter agido de acordo com interesses de banco francês.
O francês Jérome Kerviel, operador do banco Société Générale acusado de realizar operações fraudulentas que causaram prejuízos de cerca de US$ 7 bilhões à instituição financeira, admitiu nesta segunda-feira ter escondido operações financeiras não autorizadas pelo banco.
A informação foi revelada pelo procurador da República de Paris, Jean-Claude Marin. Kerviel será formalmente investigado pela Justiça por uso de falsos documentos e por ter penetrado no sistema de segurança dos computadores do Société Générale. Segundo seus advogados, ele deverá ser indiciado em breve.
O jovem operador de 31 anos foi interrogado durante todo o final de semana pelos juízes do pólo financeiro. Nesta segunda-feira, o Ministério Público francês pediu a prisão provisória de Kerviel.
Apesar de admitir ter ocultado transações financeiras, o operador negou qualquer enriquecimento pessoal e disse ter agido de acordo com os interesses do banco.
Kerviel assegurou que suas decisões nos mercados futuros poderiam ter sido positivas e acusou o banco Société Générale de ter contribuído para ampliar as perdas gigantescas ao encerrar antecipadamente as operações, vendendo precipitadamente os contratos.
Repercussão
Nesta segunda-feira, a notícia de que um dos membros da administração do Société Générale vendeu, segundo a autoridade francesa dos mercados financeiros, 87,5 milhões de euros em ações no dia 9 de janeiro, duas semanas antes do anúncio das perdas maciças, ganhou grande repercussão na França.
Kerviel declarou durante os interrogatórios que começou a realizar essas operações a partir de 2005, criando operações fictícias cujo montante das transações atinge 50 bilhões de euros.
O procurador de Paris também afirmou que Kerviel “queria ser um operador excepcional e não teria agido para se enriquecer pessoalmente”.
“Ele não agiu em seu benefício direto”, afirmou o procurador de Paris. “Ele agiu como um operador, ultrapassando certas autorizações que foram concedidas, mas não agiu para desviar recursos do banco com operações fraudulentas.”
“O benefício que ele esperava obter era em relação aos bônus que ele poderia obter com as transações”, acrescentou Marin. “Para o ano de 2007, ele esperava receber 300 mil euros.”
Crise
No domingo, a defesa de Kerviel declarou que o Société Générale pretende, com o caso, “levantar uma cortina de fumaça para encobrir perdas maiores, principalmente com os créditos subprime nos Estados Unidos”.
No mesmo momento em que anunciou a fraude na semana passada, o Société Générale informou ter registrado perdas de 2 bilhões de euros em razão da crise dos créditos imobiliários de alto risco.
A ministra da Economia da França, Christine Lagarde, disse nesta segunda-feira que não há motivos para suspeitar do banco Société Générale, que teria agido, segundo a ministra, de acordo com as regras do sistema bancário.
O operador corre o risco de ser condenado a 7 anos de prisão e a uma multa de quase R$ 2 milhões.
Na Bolsa de Paris, as ações do Société Générale registram seus valores mais baixos desde 2004, com uma queda de cerca de 7%.
Ler Post Completo | Make a Comment ( None so far )Papo sério
- Mineradoras? Enquanto o crescimento da China, da Índia e de outros emergentes for alto, continuará vendendo bastante e com alguma perspectiva de aumento de preços.
- Alimentação? No way! Sem chance, é consumo básico. É objetivo de qualquer pessoa que sai da linha da pobreza é melhorar sua alimentação, passar a comer mais proteínas etc.
- Consumo interno (Brasil)? Poderá sofrer forte retração se houver restrição de crédito.
Show de Abertura 2008
Site www.saloon79.com.br
Agora… infelizmente… pelo aumento do IOF e da CSLL… Não deu para baixar a entrada…
Coisas incompreensíveis I
Há algum tempo sugeri a retirada da CPFL de nossa carteira porque entendia que os riscos de apagão seriam crescentes e porque a ANEEL estava baixando das tarifas na ordem 18% para uma subsidiária da CPFL.
A CPFL é geradora e distribuidora. De um lado ela ganha, pois os preços da geração sobem, de outro ela perde, pois a ANEEL mandou reduzir as tarifas.
OBS. É a primeira vez, na história do capitalismo, que um bem escasso (energia) tem seu preço reduzido MESMO quando a demanda é absurdamente maior do que a oferta.
Pois bem, ontem e hoje há mais duas reportagens (transcrevo abaixo):
Reservatórios no NE caem abaixo do nível do apagão
Aneel propõe diminuição das tarifas de distribuição de Cemig e CPFL
A primeira, indica que, no NE, estamos em situação mais grave do que em 2001. A segunda indica que a conta de Luz dos que são atendidos pela CPFL ficará 18% menor.
Eu queria que meus amigos me explicassem:
- Se há risco de não haver energia, por que estamos baixando as tarifas? Para estimular o consumo?
- Se há risco de não haver energia, as vendas de energia (caríssima) no mercado futuro correm o risco de não serem cumpridas. Por que a festa com os preços altos que as distribuidoras estão obtendo no mercado livre?
Senhores, no mercado de ações é importante não pensar de forma sofisticada. Se tem rabo de jacaré, boca de jacaré, couro de jacaré, pode dispensar o exame de DNA, é jacaré. Fuja.
Eu não sei o que é pior para o mercado nesse momento, a ganância dos bancos estrangeiros ou a incompetência das agências reguladoras brasileiras.
E vamos nessa!
A seguir as reportagens:
Reservatórios no NE caem abaixo do nível do apagão
Por Humberto Medina, na Folha:
Com os níveis dos reservatórios das hidrelétricas do Nordeste mais baixos do que nos meses que antecederam ao racionamento (junho de 2001), a Chesf (Companhia Hidrelétrica do São Francisco) reduziu a vazão de água do rio São Francisco. O objetivo da medida é reter a água em Sobradinho (BA), hidrelétrica que tem o maior reservatório da região.
“Estamos com chuvas abaixo da média e adotando todas as medidas possíveis para economizar água”, afirma Mozart Bandeira Arnaud, diretor de operação da Chesf.
“A energia que não for gerada em Sobradinho será suprida com termelétricas ou com maior transferência de outras regiões”, afirmou. A redução da vazão foi autorizada pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente) e pela ANA (Agência Nacional de Águas).
“É uma espécie de seguro hídrico para a região Nordeste”, disse Oscar Cordeiro Netto, diretor da ANA. Ele afirmou que, apesar de uma possível redução (de 10 a 15 centímetros) no leito do rio, não deverá haver problemas para os outros usuários. A medida havia sido pedida pelo Ministério de Minas e Energia no final de dezembro, mas só entrou em vigor depois de negociada com outras entidades.
No sábado, a Chesf reduziu de 1.300 m3 por segundo para 1.200 m3/s a vazão de água a partir de Sobradinho. No próximo sábado, haverá nova redução, e a vazão passará a ser de 1.100 m3/s. A Chesf está autorizada a manter a vazão reduzida até o final de abril, quanto termina o período chuvoso e começa o seco. Um m3 equivale a mil litros.
Aneel propõe diminuição das tarifas de distribuição de Cemig e CPFL
Por: Equipe InfoMoney
30/01/08 – 10h20
InfoMoney
SÃO PAULO – A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) propôs redução das tarifas de distribuição das concessionárias Cemig e CPFL, e virtude dos menors custos operacionais registrados pelas empresas.
Na interpretação da agência reguladora, os resultados obtidos pelas empresas em 2007, mais favoráveis que o projetado pelo órgão, abrem espaço para redução dos preços aos consumidores.
Para a Cemig, a redução proposta chega a 9,72%, enquanto para a CPFL a diminuição é maior, de 14,02%. Cabe ressaltar que estas medidas vêm em linha com as reduções propostas em 2007, como no caso das tarifas cobradas pela Eletropaulo, reduzidas em 12,66%.
Recomendação do Banif
O Banif projetava uma redução de 7% das tarifas de distribuição da Cemig. Mesmo assim, manteve sua recomendação de compra das ações da Cemig, em virtude da recente queda nos preços dos papéis e do equilíbrio entre receitas provenientes de geração e distribuição de energia elétrica.
Subprime
Dear all,
A questão do subprime ainda é a maior preocupação dos mercados.
Em resumo, um americano, sem um dólar no bolso, pegou um empréstimo em 2005, com taxas baixíssimas e com 2 anos de prestações reduzidas (pagavam menos nos 2 primeiros anos para o sujeito ter dinheiro para comprar a mobília, é mole?).
Em 2007 os juros triplicaram e as prestações com valor normal chegaram (não reduzidas…).
Bem, nem é preciso dizer que o nível de default (calote) está astronômico e crescendo…
Pois bem, isso faz parte do jogo. Se o sujeito dá calote numa hipoteca o banco toma a casa e leiloa quando for conveniente. Perde grana, mas não quebra!
O problema é que o banco fazia a hipoteca e repassava o direito sobre a hipoteca para terceiros. Na Malásia, na Indonésia, na China, na Europa…
Para esses caras, não faz muito sentido retomar a casa. É prejuízo mesmo! É evidente que os bancos não colocam DIRETO como perda, mas alocam o título em “devedores duvidosos”, o que dá no mesmo, em termos de resultado de balanço.
Será que é assim mesmo?
Senhores, o que escrevi acima é o melhor dos mundos, o mundo honesto. Espero, sinceramente que assim seja.
Perder dinheiro de forma honesta é ruim, porém previsível. Ao menos você não pode perder mais do que tem.
O meu medo, revelado a vocês em e-mail anterior é que a brincadeira NÃO TENHA SIDO TÃO HONESTA.
É simples, se para cada hipoteca foi gerado um título e repassado aos “estrangeiros”, tudo bem.
Mas e se repassaram 2? 10?
É meninos. O nível de prejuízo do Citibank, do UBS, do JP Morgan, da Merril Lynch entre outros sugere que os meninos andaram brincando na lama.
2008 não será ano para ficar parado…
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