Método dos Aportes Dobrados (MAD) aplicado ao fundo Programado da Geração Futuro
Método dos Aportes Dobrados (MAD) aplicado ao fundo Programado da Geração Futuro
O MAD (Método dos Aportes Dobrados) foi testado para o índice Bovespa e mostrou resultados muito superiores aos obtidos com aportes iguais.
O artigo com os resultados foi publicado no meu blog e no blog do INI. Para quem ainda não leu, veja link abaixo:
O pedido
Alguns amigos e leitores que estão em fundos e clubes do Banco Geração Futuro pediram para que eu aplicasse o mesmo método tomando por base a evolução das cotas desses fundos.
Achei a idéia interessante, pois estaria aplicando o MAD para comprar cotas de fundos, isso significa que os custos (administração, corretagem e outros) já estariam contabilizados no resultado. Isso não ocorria no exemplo com o Ibovespa.
A escolha do fundo
Não dá para trabalhar com vários clubes específicos e também não dá para usar o fundo mais antigo da Geração, pois seu aporte mínimo é de R$ 5.000,00, o que impossibilita o uso do MAD (exceto para clientes absurdamente ricos).
Optei pelo Geração Programado FIA que tem aporte inicial de R$ 100,00 e aporte mínimo de também R$ 100,00.
Além do fato de usar o MAD em cotas de fundos reais, foi interessante também utilizar um fundo que começou em maio de 2006, pois é um período curto onde as rentabilidades não foram tão grandes como de 1998 até outubro de 2010 (período utilizado para o teste do MAD no Ibovespa).
O Método dos Aportes Dobrados – MAD
Para relembrar, o MAD nada mais é do que uma técnica de gestão dos aportes em fundos ou carteira própria.
Essa técnica pressupõe as seguintes regras
- Inicia-se com um valor mínimo de, por hipótese, R$ 100,00.
- Sempre que, no mês seguinte, a bolsa (ou a cota) cair, o aporte deverá ser dobrado.
- Sempre que, no mês seguinte, a bolsa (ou a cota) subir, o aporte será dividido pela metade.
- Deve-se estipular um limite máximo para o aporte.
Aplicando o método ao GF Programado
O período vai de 11 de maio de 2006, quando a cota estava em R$ 1,00, até o último dia útil de outubro de 2010, quando o valor da cota estava em R$ 1,8246.
Como regra, o investidor iniciaria com R$ 100,00 em 11 de maio e dobraria seus aportes, no caso de queda da cota, até o limite de R$ 6.400,00.
Ao final os números são comparados com a técnica do aporte regular de MESMO VALOR, de forma que o total investido, naturalmente, seja igual em ambos os casos.
A planilha com os resultados completos pode ser baixada aqui.
Os resultados
Assim como no caso de compra do índice, simulado no artigo original, o uso do MAD apresentou resultados bem mais expressivos do que a técnica do aporte regular de mesmo valor.
Foram 54 períodos (meses) de aportes, totalizando R$ 32.400,00, uma média de R$ 589,09 por mês.
Sem MAD (aportes iguais de R$ 589,09):
- Patrimônio atingiu R$ 41.183
- Rentabilidade total de 27,01%
- Rentabilidade anual equivalente de 5,47%
Com MAD:
- Patrimônio atingiu R$ 52.697
- Rentabilidade total de 62,6%
- Rentabilidade anual equivalente de 11,41%
Curiosidades:
- O aporte de R$ 6.400 (limite máximo) só foi necessário uma vez, em novembro de 2008. O MAD teria levado o cotista a fazer o maior aporte justamente na menor cota de final de mês da série histórica, R$ 0,9117.
- O patrimônio de quem usou o MAD foi 28% maior do que o de quem não usou.
- Assim como, nas mesmas circunstâncias, a rentabilidade anual foi 5,9% superior para quem usou o MAD, quase uma “poupança”.
Limitações e cuidados
Simplificando um pouco a realidade do mercado, pode-se dizer que o investidor tem o risco BOLSA/MERCADO e o risco EMPRESA (ou CARTEIRA).
Ao utilizar aportes regulares, o objetivo é reduzir o risco bolsa, no longo prazo. Como compra na baixa e também na alta, a tendência é ter um preço médio que diminua os efeitos da volatilidade.
Ao usar o MAD, o investidor aumenta o peso nas cotações mais baixas, reduzindo ainda mais o preço médio de compra, por isso o ganho verificado no estudo.
Mas tudo isso só faz sentido se o investidor confiar no crescimento da empresa (ou no crescimento das empresas na carteira do fundo).
Em resumo, ao fazer aportes regulares o investidor tende a minimizar o risco BOLSA/MERCADO e ficar exposto ao risco EMPRESA/CARTEIRA.
(Quase) Encerrando…
Durante a crise de 2008/2009 nosso clube Stratocaster sofreu bastante com resgates “no fundo do poço”. Isso fez com que tivéssemos que vender ações a preços 60%-70% abaixo do que se vê hoje, 2 anos depois.
A rentabilidade da carteira do clube ficou bem prejudicada.
Se, ao contrário, os cotistas utilizassem o MAD, a situação poderia ser muitíssimo diferente.
Não sei se isso aconteceu também no fundo da GF, mas fica aqui um importante alerta para o investidor individual.
O gestor tem controle sobre a alocação dos recursos que já estão no patrimônio do clube/fundo, mas não tem qualquer influência na gestão de aportes/resgates de cada cotista.
Em resumo, a rentabilidade do cotista depende da qualidade do gestor, mas também de seu próprio comportamento.
Para quem quiser estudar o uso do MAD em outros fundos (ou períodos), segue o estudo completo com o Ibovespa neste link.
Um pequeno ajuste permite o uso da planilha para qualquer fundo de ações.
Mas e vender na alta e comprar na baixa, não seria melhor?
Com certeza alguns leitores vão ver os dados e pensar que teria sido melhor vender tudo na alta e recomprar tudo na mínima.
Essa, infelizmente, é uma técnica que não consigo medir cientificamente, pois parte de pressupostos de futuro, que guiariam o passado.
É a já famosa “profecia do passado“. Não costuma servir na vida real e não atende às necessidades do método científico.
[…] exemplo é Paulo Portinho que em seu blog esse método se chama Método dos Aportes Dobrados ele apresenta simulações com vários valores e nota-se sempre uma diferença entre utilizar esse […]
Método do Rebalanceamento para investimentos | Engenharia Cotidiana
07/09/2011
Paulo,
Cabe ressaltar que o método descrito (MAD) não funciona para todos os casos, há contra-exemplos.
Um deles pode ser observado no arquivo abaixo, onde os aportes dobrados têm um desempenho pior do que os aportes iguais.
http://www.neuroinvest.com.br/FalhaMetodo.xls
Roberto.
Roberto Pontes
06/01/2011
Oi Roberto,
Desculpe a demora na resposta, mas é que tive que estudar bem os motivos do MAD não ter funcionado no fundo. Fiz um post exatamente para explicar esse caso e o de um outro fundo que também apresentou rentabilidade menor para o MAD.
Abraço,
Portinho
Portinho
07/01/2011
Paulo,
O Clube Stratocaster ainda está em funcionamento? É aberto a novos cotistas?
Roberto Pontes
06/01/2011
Oi Roberto,
O clube está funcionando, mas é fechado. Criamos somente para meus amigos músicos aqui do RJ e suas famílias. É uma decisão de estatuto.
Abraço!
Paulo Portinho
Portinho
06/01/2011
Paulo,
boa tarde. Belo artigo sobre o MAD!
Vejo que a técnica do MAD se parece com a do Value Averaging (VA), que já é um refinamento do Dollar Cost Averaging (DCA) tradicional (se rebalanceamento).
O problema que vejo tanto com o VA e tb com o MAD é: COMO AUMENTAR OS APORTES se já invisto o percentual máximo que me propus a investir em bolsa?
Se investir mais, tirarei dinheiro da renda fixa e ficarei com o meu porfólio completamente desbalanceado (pendendo muito para a renda variável).
Será que a técnica do DCA com rebalanceamento, no final das contas, não obtem rentabilidade semelhante ao MAD/VA sem o risco de ficar muito posicionado em renda variável?
Só uma reflexão, tendo em vista que não tenho condições de fazer sumilações para testar essa hipótese do rebalanceamento.
Grande abraço!
Deuteron
12/12/2010
Oi Deuteron,
O balanceamento de carteira e o MAD são duas técnicas para evitar “trocar de perna” na bolsa, ou seja, evitar comprar na alta e vender na baixa. Por incrível que pareça, é o que mais acontece.
No livro “25 Episódios” mostrei que o balanceamento de carteira é muito melhor quando esperamos a diferença entre RV e RF ficar grande, superior a 20%, preferencialmente 30%.
Lembro que em 11 anos de estudo, só foram necessários 9 ajustes de carteira e a rentabilidade final foi 24% maior do que a gestão passiva (não mexer nos ativos de RF e RV).
Como sugestão, você poderia estipular uma média de R$ 800,00 de investimento mensal. Desses R$ 800, poderia destinar R$ 400,00 para aportes fixos em RF e iniciar aportes com base no MAD em RV, indo de R$ 100,00 a R$ 1.600,00 (isso deve dar, na média, R$ 400,00).
Sempre que a diferença entre RF e RV atingir 30%, faça o balanceamento de carteira.
Não é muito fácil juntar as duas técnicas, mas seria muito interessante, pois ambas ajudam o investidor a ter o comportamento “certo” na bolsa.
Lembrando o mais importante: deve ter confiança nos ativos de RV, seja na carteira própria ou no fundo de investimentos.
Abraço,
Portinho
Portinho
13/12/2010
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10/12/2010